“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo”. Esta é uma das diversas inquietações de Clarice Lispector (1920 – 1977), escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira.
O momento pelo qual passa o Brasil tem provocado inúmeros questionamentos e reflexões. Tem brasileiro entendendo, não entendendo e outros entediados com o ‘tsunami’ de acontecimentos negativos ocorridos ultimamente no país. Nunca na história se viu com tanta freqüência a incerteza se transformar em certeza e vice-versa. Como diz a expressão idiomática utilizada na Roma antiga, mas bastante atual e comumente empregada quando se desconhece um assunto: “Não se entende patavina”.
Nunca também o pejorativo termo ‘República das bananas’ foi tão lembrado.
Como entender uma autoridade máxima do Executivo de um Estado soberano que em plena manhã de uma terça-feira útil, em agenda extra-oficial, ir ao cinema assistir um filme com a esposa? E compreender um povo que prefere discutir os bastidores de um reality show do que se inteirar sobre reformas que tiraram e ainda ameaçam tirar direitos conquistados a base de muita luta e até mesmo derramamento de sangue?
Seria cômico se não fosse trágico: mais de 202 milhões, esses foram os números de votos em um dia, de um reality exibido em uma emissora de televisão brasileira. Para se ter ideia do astronômico número, a população do Brasil, conforme estimativa do IBGE, em 2017, era de pouco mais de 208 milhões de habitantes.
E por falar em expressões idiomáticas, é preciso saber que sem ‘andar na linha’ o Brasil está se tornando uma verdadeira ‘mala sem alça’, e com a ‘corda no pescoço’ o brasileiro, considerado uma ‘pedra no sapato’ para alguns representantes políticos, inevitavelmente irá ‘pagar o pato’, sem a ‘mão na roda’ e ainda tomando ‘chá de cadeira’. Não adianta dar uma de ‘João sem braço’ fazendo de conta que tudo vai bem, pois pelo ‘andar da carruagem’ é melhor ir deixando as ‘barbas de molho’ para não chorar o ‘leite derramado’ e ficar, literalmente, em um ‘beco sem saída’’.
Enquanto isso, vou ali ‘tirar água do joelho’.
“Bem que se quis
depois de tudo ainda ser feliz
mas ja não há caminhos pra voltar.
E o quê que a vida fez da nossa vida?...” – Bem que se quis – Marisa Monte
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
O momento pelo qual passa o Brasil tem provocado inúmeros questionamentos e reflexões. Tem brasileiro entendendo, não entendendo e outros entediados com o ‘tsunami’ de acontecimentos negativos ocorridos ultimamente no país. Nunca na história se viu com tanta freqüência a incerteza se transformar em certeza e vice-versa. Como diz a expressão idiomática utilizada na Roma antiga, mas bastante atual e comumente empregada quando se desconhece um assunto: “Não se entende patavina”.
Nunca também o pejorativo termo ‘República das bananas’ foi tão lembrado.
Como entender uma autoridade máxima do Executivo de um Estado soberano que em plena manhã de uma terça-feira útil, em agenda extra-oficial, ir ao cinema assistir um filme com a esposa? E compreender um povo que prefere discutir os bastidores de um reality show do que se inteirar sobre reformas que tiraram e ainda ameaçam tirar direitos conquistados a base de muita luta e até mesmo derramamento de sangue?
Seria cômico se não fosse trágico: mais de 202 milhões, esses foram os números de votos em um dia, de um reality exibido em uma emissora de televisão brasileira. Para se ter ideia do astronômico número, a população do Brasil, conforme estimativa do IBGE, em 2017, era de pouco mais de 208 milhões de habitantes.
E por falar em expressões idiomáticas, é preciso saber que sem ‘andar na linha’ o Brasil está se tornando uma verdadeira ‘mala sem alça’, e com a ‘corda no pescoço’ o brasileiro, considerado uma ‘pedra no sapato’ para alguns representantes políticos, inevitavelmente irá ‘pagar o pato’, sem a ‘mão na roda’ e ainda tomando ‘chá de cadeira’. Não adianta dar uma de ‘João sem braço’ fazendo de conta que tudo vai bem, pois pelo ‘andar da carruagem’ é melhor ir deixando as ‘barbas de molho’ para não chorar o ‘leite derramado’ e ficar, literalmente, em um ‘beco sem saída’’.
Enquanto isso, vou ali ‘tirar água do joelho’.
“Bem que se quis
depois de tudo ainda ser feliz
mas ja não há caminhos pra voltar.
E o quê que a vida fez da nossa vida?...” – Bem que se quis – Marisa Monte
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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