Um levantamento realizado pelo International Stress Management Association (ISMA Brasil) mostrou que 72% dos trabalhadores estão insatisfeitos com suas funções. Salários baixos, estagnação na carreira, rotina repetitiva que resulta na falta de concentração e foco. Um conjunto que culmina na baixa produtividade no trabalho.
De acordo com o psicólogo e coach de carreiras Victoriano Garrido, mais conhecido como Professor Garrido, a situação é grave, pois as empresas controlam a presença física, mas não garantem o empenho nas funções laborativas. “É como se, de cada dez trabalhadores, apenas três estivessem empenhados e focados e os outros sete não estivessem verdadeiramente ali”, completa, lembrando que a maioria das pessoas comemora a chegada da sexta e nunca o início da semana de trabalho. “Nunca dizem: ‘segundou’”, graceja.
Para ele, mudar esse comportamento é uma tarefa individual, mas as empresas e organizações também precisam repensar suas posturas, entendendo que a alegria, a verdade e o amor também precisam estar presentes dentro dos ambientes corporativos e não apenas nos lares ou nos ambientes sociais.
“Muitas organizações acreditam que investir na qualidade de vida e na felicidade é um desperdício, mas esquecem o quanto perdem de dinheiro, indiretamente, quando os seus colaboradores estão infelizes, seja porque adoecem, porque não produzem como poderiam ou porque se transformam em lideranças negativas”, esclarece Garrido.
Escolhas e propósitos
O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, regional Bahia (ABRH-BA), Wladimir Martins, destaca que os ambientes de trabalho não podem ser encarados como campos de tortura, mas, para que isso aconteça, é preciso que os indivíduos acatem o fato de que as carreiras precisam carregar um propósito e estar alinhadas com um perfil de comportamento.
“Um profissional feliz, geralmente, tem um propósito pessoal e profissional equilibrado, ele alinha o ser e o ter”, completa Martins.
O presidente da ABRH-BA salienta ainda que, na vida, muitas vezes a desmotivação e o desestímulo são resultados de uma carreira escolhida apenas com base no retorno financeiro. “Nessas situações, são comuns os casos nos quais as pessoas atribuem a responsabilidade da desmotivação a terceiros, se esquecendo que ninguém motiva o outro, a motivação é algo interior. O chefe ou o gestor podem, no máximo, inspirar”, pontua Martins.
Ele enfatiza que o prazer e a felicidade são capazes de motivar. “Alguém que reconhece o seu propósito no trabalho carrega com ele o prazer e a felicidade, logo, a motivação passa a ser algo natural, fruto das suas experiências cotidianas”, afirma. O representante da ABRH-BA reforça a ideia de que a felicidade é uma conquista e, por isso mesmo, por vezes, é preciso ter a coragem de abandonar algumas posições em busca dessa felicidade, mesmo que isso signifique a mudança de emprego ou até mesmo a troca de uma profissão.
“Muitas pessoas, ao escolher uma carreira, colocam o foco em questões inadequadas. É preciso se perguntar: o que eu quero verdadeiramente? O que pode me trazer prazer, propósito e felicidade?”, ensina. Com uma postura próxima, Victoriano Garrido cita a filosofia oriental que destaca que quando se ama o que se faz não é necessário trabalhar.
REAPAIXONE-SE PELO SEU TRABALHO
Escolhas Ao escolher uma carreira, se certifique se ela condiz com seu perfil pessoal. Não tome essa decisão baseada apenas em retorno financeiro ou tendência de mercado. Se lembre que o que serve para o amigo não necessariamente servirá para você.
Propósito Se pergunte qual é o seu objetivo no exercício de uma função ou na escolha de uma carreira. Onde você quer chegar? O que essa escolha diz sobre seus propósitos na vida pessoal. Pense que a boa remuneração pode ser reflexo da satisfação pessoal.
Prazeres Descubra o que traz prazer e felicidade na sua atividade profissional e, sempre que possível, se concentre nessas tarefas. Elas ajudarão a compensar quaisquer atividades não tão prazeirosas que, porventura, você precise fazer
Conquistas As conquistas profissionais não acontecem espontaneamente. Se mantenha atualizado, busque novas formas de atuação, procure trocar experiências com colegas que possam apresentar novos olhares para a sua área de atuação
Ambiente Um bom ambiente de trabalho também é alcançado com relações de afeto e amizade. Busque construir um ambiente cordial, afetuoso e solidário de modo que a rotina possa ser desfrutada de modo mais leve e sem o desconforto das relações conflituosas.
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