O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, supervisionou um teste com um novo tipo de "arma tática guiada", informou a agência sul-coreana de notícias Yonhap, citando a imprensa estatal da Coreia do Norte, na quarta-feira (18). Este seria o primeiro teste de armas pelo regime norte-coreano desde o fracassado encontro de Kim com o presidente dos EUA, Donald Trump, em fevereiro, em Hanói (Vietnã).
Segundo a agência sul-coreana, a "vantagem" da nova arma é "seu modo peculiar de direcionamento em voo e a capacidade de sua poderosa ogiva". Os detalhes da nova arma não são conhecidos. O Pentágono, o Departamento de Estado e a Casa Branca não comentaram o teste.
Kim afirmou que "o término do desenvolvimento do sistema de arma é um evento de alto significado no aumento do poder de combate", segundo a KCNA, agência estatal norte-coreana. A agência destacou que os técnicos norte-coreanos testaram "vários modos de lançamento, contra diversos objetivos" e que Kim guiou um disparo" pessoalmente.
Segundo especialistas, o termo "tática" indica uma arma de pequeno alcance, ao contrário dos mísseis balísticos de longo alcance, vistos como uma ameaça aos EUA. Kim Dong-yub, especialista miliar da Universidade Kyungnam, em Seul, afirmou que a descrição de que o teste "foi conduzido em várias modalides de disparo contra alvos distintos" provavelmente significa que a arma pode ser lançada do solo, do mar e do ar.
"É altamente provável que seja um míssil de baixo alcance que pode ser transformado em um míssil solo-solo, ar-solo, ar-mar ou mar-mar", afirmou. Em novembro do ano passado, Kim também supervisionou um teste de uma arma tática não identificada que, segundo o regime, poderia proteger a Coreia do Norte como uma "parede de aço". Não está claro se se trata da mesma arma testada nesta quarta.
Na ocasião, especialistas afirmaram que o teste fazia parte da iniciativa de Kim de mudar o perfil do poder militar convencional norte-coreano de um Exército de 1,3 milhões de pessoas para armas de alta tecnologia.
Imagens de satélites mostraram uma movimentação na principal usina nuclear norte-coreana, em Yongbyon, na semana passada. Isso poderia estar associado ao reprocessamento de materiais radioativos em forma de combustível nuclear, afirmou na terça (16) o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais dos EUA.
Em abril de 2018, Kim havia dito que seu país deixaria de realizar testes nucleares e o lançamento de mísseis balísticos, pois as capacidades nucleares da Coreia do Norte já estariam "comprovadas". Ainda nesta quarta, o secretário de segurança nacional americano, John Bolton, afirmou à Bloomberg News que os EUA precisam ver "uma real indicação da Coreia do Norte de que tomou a decisão estratégica de abandonar as armas nucleares" antes de um novo encontro entre Kim e Trump.
A cúpula de Hanói terminou mais cedo e sem resultados depois que os dois lados não chegaram a um acordo sobre a retirada de sanções impostas pelos EUA --segundo Trump, Kim queria que as sanções fossem inteiramente levantadas. Na época, a Casa Branca informou que houve divergências ainda sobre a área que a Coreia do Norte estaria disposta a desnuclearizar.
Segundo o chanceler norte-coreano, Ri Yong-ho, Pyongyang havia oferecido o desmantelamento permanente de toda a produção de material nuclear, incluindo plutônio e urânio, com observação da ONU, em troca do fim de parte das sanções --e não de todas, como dissera Trump.
Autoridades dos EUA dizem que as sanções da ONU representam sua ferramenta mais eficaz para exercer influência sobre o Norte, mirando todos os maiores produtos de exportação norte-coreanos. BN
Tags
Mundo