A nova técnica da seleção brasileira feminina foi apresentada nesta terça-feira (30) na sede da CBF, zona oeste do Rio de Janeiro. Em sua primeira entrevista, ela apontou que é fã de Pelé desde a infância.
"Acho que todo mundo na Suécia quando fala em Brasil lembramos de 58. Eu era fã de Pelé, meu nome é Pia, mas dizia que era Pelé. Outra coisa é a Marta. Esses dois inspiram os suecos. Quando penso no Brasil, penso em algo especial, portanto", lembrou a sueca Pia Sundhage.
A técnica nasceu em 1960, dois anos depois de o Brasil ter vencido a Suécia, na final da Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Então com 17 anos, Pelé marcou dois gols naquela decisão.
Pia se disse emocionada por treinar o Brasil e por ter conhecido a Granja Comary.
"Eu quase chorei. Vi crianças brincando. Estive no mundo todo, mas nunca experimentei coisas assim. Suecos não compartilham emoções assim, mas foi especial. Senti algo especial dentro de campo. Tudo respira futebol. Foi incrível. Parar na marca de pênalti e olhar aquilo estando no Brasil... Obrigado por isso", apontou, arrancando aplausos.
"Tenho respirado futebol desde que cheguei aqui. É um grande passo para mim, estou orgulhosa e feliz por olhar ao redor e ver futebol, sorrisos e expectativas, eu amo isso. Vou trabalhar duro para dar meu melhor. O Brasil é um bom time, estou assumindo um bom time", disse Pia.
Ela se desculpou por não falar português, mas prometeu ter aulas.
"Vou aprender bem rápido", brincou. "Aqui tem muita energia. Preciso aprender um pouco de samba, pode demorar, vou começar aprendendo português", continuou a treinadora, também em tom de brincadeira.
A sueca disse já ter conversado com Marta, camisa 10 da equipe. "Falamos em inglês sueco, ela me disse para aprender português e que está empolgada com essa oportunidade", apontou a treinadora.
A treinadora bicampeã olímpica com os Estados Unidos chega para assumir a equipe após a demissão de Vadão, eliminado nas oitavas de final da Copa do Mundo da França. Ela assinou um contrato de dois anos, podendo renovar por mais dois.
"Teremos a conjunção da melhor treinadora com as melhores jogadoras. Falo da Formiga, Cristiane e outros grandes valores que a seleção tem", disse o presidente da CBF, Rogério Caboclo, que antes havia citado Marta.
O cartola prometeu dar total liberdade ao trabalho da sueca à frente da seleção.
"A Pia vai exercer um trabalho de revolução no futebol do Brasil. Vai ser responsável pelas categorias de base e falar de competições no Brasil", explicou o dirigente.
Pia conquistou dois ouros olímpicos com a seleção americana, um nos Jogos de Pequim-2008 e o outro em Londres-2012. Em 2016, no Rio de Janeiro, perdeu para a Alemanha na final, ficando com a prata. No caminho até o jogo decisivo, eliminou as americanas e tirou, na semifinal, o Brasil de Vadão nos pênaltis.
Vice-campeã do mundo com as americanas em 2011, Sundhage estava trabalhando com a seleção sub-16 feminina da Suécia. Como jogadora, defendeu seis clubes e a seleção nacional de seu país, alcançando um terceiro lugar na Copa do Mundo de 1991. Foram 71 gols em 146 jogos pela equipe sueca ao longo da carreira.
Como treinadora, passou pelo futebol feminino americano e foi assistente da seleção chinesa antes de assumir seu principal desafio, quando foi anunciada pelos Estados Unidos em 2008. Em 107 partidas no comando das americanas, somou 91 vitórias, dez empates e apenas seis derrotas.
A nova treinadora da seleção visitou pela primeira vez a sede da CBF como funcionária da entidade nesta terça. Ela chegou ao Brasil nesta segunda (29) para iniciar o trabalho à frente da equipe nacional. Na confederação, ela foi recebida pelo presidente Rogério Caboclo e assinou o contrato oficial.
Na visita à sede, Pia participou do almoço com a diretoria da CBF, que teve o coordenador das seleções femininas, Marco Aurelio Cunha, e o ex-meia Juninho Paulista, coordenador da seleção masculina. Pia será a primeira treinadora estrangeira no comandando da seleção. BN
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