Após melhor Pan, Brasil mira desafio maior em Tóquio

Após melhor Pan, Brasil mira desafio maior em Tóquio
Depois de fazer a melhor campanha da sua história em números totais de medalhas e ouros nos Jogos Pan-Americanos, o esporte brasileiro vira a chave para encarar uma realidade bem mais difícil daqui a menos de um ano.

A Olimpíada de Tóquio-2020, de 24 de julho a 9 de agosto de 2020, será o maior teste para o país que sediou a última edição do evento mostrar em que patamar está no cenário esportivo mundial. Até hoje, só a Grã-Bretanha melhorou seu desempenho logo após receber os Jogos Olímpicos.

As 171 medalhas no Pan de Lima (55 ouros) e a vice-liderança no quadro de medalhas (posto que não ocupava desde 1963) do evento, encerrado neste domingo (11), indicam uma evolução brasileira no contexto regional.

"Trabalhamos com muito pé no chão. Temos plena consciência do que são os Jogos Pan-Americanos em relação à Olimpíada. Alcançamos nossos objetivos e agora avaliaremos as dificuldades que vamos enfrentar para Tóquio", disse Jorge Bichara, diretor de esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

O principal objetivo do país no Peru era obter o maior número possível de vagas em Tóquio. Conquistou 29, em 9 das 14 modalidades onde elas estavam em jogo (handebol feminino, tênis, tênis de mesa, vela, tiro com arco e pentatlo moderno, além de hipismo adestramento, saltos e CCE). No total, já são 104 atletas brasileiros classificados para a competição.

Como almeja ter um bom desempenho geral no evento, mesmo na maioria dos esportes sem distribuição de vagas olímpicas pelo Pan, o Brasil levou a Lima o que tem de melhor --com poucas exceções, como no vôlei e no judô.

Alguns dos atletas do país entre os melhores do mundo tiveram pouca concorrência, como a nadadora Ana Marcela Cunha, o canoísta Isaquias Queiroz e as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze, todos medalhistas de ouro em suas principais provas.

A participação de nomes consagrados como eles no Pan contribui para o desempenho da delegação brasileira num momento em que o esporte olímpico ganha visibilidade no país, mas não é o que eles fizeram no contexto regional que os torna mais cotados ao pódio no Japão.

Na natação, esporte em que o país conquistou 32 medalhas e bateu seu recorde, quase todos os nadadores brasileiros fizeram tempos piores do que apresentaram no Mundial da Coreia do Sul, prioridade do ano e disputado duas semanas antes do Pan-Americano.

"Tecnicamente falando, o nível do Pan-Americano deste ano foi um pouco mais fraco do que o de Toronto-2015, vimos isso na maioria das provas. Então não podemos pegar esse gancho para dizer que todos os nadadores serão campeões olímpicos, porque a realidade não é essa. Aqui é uma preparação", disse Etiene Medeiros, ganhadora de 5 medalhas, sendo 1 de ouro.

Isso não significa que os Jogos de Lima não tenham sido marcados por resultados importantes para o Brasil. No taekwondo, o país confirmou que tem uma geração forte ao faturar 7 de 8 medalhas possíveis. No Mundial, em maio, subiu ao pódio cinco vezes.

No atletismo, algumas marcas alcançadas por brasileiros foram relevantes mundialmente. Com seu resultado no arremesso do peso (22,07 m), Darlan Romani seria prata na Rio-2016. Alison dos Santos, o Piu, correu os 400 m com barreiras em 48s45, tempo que lhe daria a segunda posição no último Mundial.

Bichara também destacou como performances relevantes, entre outras, a dobradinha dos ginastas Francisco Barretto Júnior e Arthur Nory na barra fixa, os ouros por equipes e individual de Marlon Zanotelli nos saltos do hipismo e o primeiro lugar de Ygor Coelho no badminton após uma série de lesões.

Ainda não há uma meta definida pelo COB para os Jogos de 2020. Será preciso analisar retornos de lesões, como o da ginasta Rebeca Andrade, e resultados nos próximos meses, que terão uma sequência de campeonatos mundiais, entre eles os de canoagem, judô, basquete masculino, ginástica e atletismo, além do evento-teste da vela no Japão.

Por ora, o comitê fala em conquistar medalhas em mais de dez esportes, repetindo o que fez em 2016. "Se partirmos para uma competição imaginando que a gente possa ser pior do que na anterior, melhor não ir. Vamos pensando que pode ser melhor. Tóquio já começou", disse Bichara. BN
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