O primeiro discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, nesta sexta-feira (8), seguiu a tônica que o acompanhou durante toda a história política do petista: linguagem popular, tiradas humorísticas, recados a adversários políticos e muitos afagos à militância. O personagem criado em torno do ex-presidente se manteve intacto mesmo após 1 ano e 7 meses na prisão, cumprindo uma sentença condenatória em segunda instância.
O petista agitou uma massa de apoiadores que aguardavam a saída dele – alguns deles acampados desde abril de 2018. Lula utilizou a retórica típica dele para apresentar os planos que tem para o futuro. Após deixar a Superintendência da Polícia Federal, Lula segue para uma mobilização na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, onde renasceu enquanto mito durante a vigília nos dias imediatamente anteriores à prisão dele. Dali, deve partir para uma nova “Caravana Lula”, estratégia utilizada até 2002, quando o PT chegou ao governo pela primeira vez.
O novo liberto não poupou críticas ao principal adversário político do petismo no atual contexto, o presidente Jair Bolsonaro. Acusou o atual chefe do Executivo de “mentir no Twitter” e de ter ganho uma eleição sob o espectro de informações falsas. O ex-presidente agradeceu aos apoiadores e fez um enfoque em lideranças como Fernando Haddad, que o substituiu durante a corrida eleitoral de 2018 – o PT tentou manter Lula como candidato até o início de setembro daquele ano, porém o enquadramento com a Lei da Ficha Limpa colocaria a candidatura em risco.
Além de Bolsonaro e do governo federal, cujas ações foram criticadas com base no noticiário, o petista atacou ainda o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Partiu de Moro a condenação inicial no caso do tríplex do Guarujá que resultou na prisão de Lula, depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmou a sentença.
Os desafios do ex-presidente agora são capitanear um movimento de unificação da esquerda – e até mesmo da oposição – para tentar fazer viabilizar uma crítica contundente ao governo de Bolsonaro; se manter nos holofotes fora do estigma de ex-prisioneiro; e ainda tentar descontruir a imagem de condenado, mesmo que isso provoque repúdio de uma parcela expressiva da população, consolidada com o antipetismo.
Símbolo de transformação para o segmento mais pobre da população, Lula deixou a prisão de maneira mítica e com a aura de herói para a militância que o cerca. Resta saber se ele conseguirá se manter tão forte politicamente quanto o foi até agora. Mesmo quem não gosta do ex-presidente é obrigado admitir: a capacidade de inflamar quem o acompanha é ímpar. Isso ele faz melhor que ninguém!
Fonte: Bahia Noticias
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