Ricardo Lopes, antropólogo e ex-missionário evangélico ligado à Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), pode assumir nos próximos dias o cargo de coordenador-geral do setor responsável por proteger indígenas isolados, que recentemente tiveram contato com a FuNDAÇÃO Nacional do Indío (Funai).
A MNTB é uma entidade controversa conhecida pelo trabalho de evangelização de índios, e teve forte atuação no Brasil, principalmente no Acre, no anos 1990, e na região do Vale do Javari, no interior do Amazonas.
É justamente nesta área onde há diversos registros sobre a presença de indígenas isolados, e onde também fica a maior base de proteção etnoambiental da Funai, construída para proteger estas comunidades.
Os rumores da nomeação de Lopes, que também é mestre em Ciências Sociais e cursa o doutorado em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC, em São Paulo, tomam força dias após o presidente da Funai, Alexandre Xavier, assinou uma portaria que altera que permite que pessoas de fora da administração pública possam assumir o cargo.
Em contato com O Globo, o coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Paulo Tupiniquim, se mostrou apreensivo com a possível nomeação. Segundo ele, a chegada de um antigo missionário evangélico possa interferir nas "crenças dos isolados".
"É um absurdo se isso vier a acontecer. A gente teme que a chegada de um missionário evangélico possa mudar a política de respeito às crenças dos isolados, que precisam ter a sua tradição respeitada. Os índios já sofreram demais com missionários que condenavam as religiões indígenas e tentaram nos converter", afirma Tupiniquim.
Em nota, a Funai informou que não poderia se manifestar sobre as "supostas indicações", que ainda não foram publicadas no Diário Oficial da União.
Fonte: BNews
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