É verdade que a China está exportando a carne dos mortos que foram vítimas do coronavírus? Descubra aqui no E-farsas!
Um áudio acompanhado de algumas fotos e vídeos começou a se espalhar através de grupos do WhatsApp na segunda quinzena de fevereiro de 2020 e rapidamente foi parar também em sites e blogs. As imagens mostram partes de corpos humanos em uma espécie de açougue e o áudio que as acompanha afirma que a China estaria exportando a carne humana das vítimas do coronavírus.
A voz feminina afirma ainda que os chineses estariam vendendo a carne contaminada sob a forma de enlatados e que a África seria um destinos desse “alimento”.
Será que isso é verdade ou mentira?
Verdade ou mentira?
Como já dissemos inúmeras vezes aqui no E-farsas, uma das características de um boato digital é que seus criadores se aproveitam do assunto do momento para tentar disseminar desinformação. Nesse caso, os autores pegaram carona no assunto “coronavírus”, doença que está infectando milhares de pessoas na China (números da primeira semana de fevereiro apontam para cerca de 31 mil casos em todo o mundo).
Bastou juntar algumas fotos aleatórias de cortes semelhantes a partes do corpo humano, um vídeo chocante e uma voz anônima para se criar um escândalo infundado na web.
Como podemos analisar no áudio anônimo, ele possui todas as características de uma fake news:
- Não é datado;
- É anônimo;
- Possui um tom alarmista;
- Trata de um assunto que está em evidência;
- Pede para ser repassado;
- Apela para o lado emocional do leitor;
Logo de cara, é preciso deixar claro que vender carne humana é crime no mundo todo! O que por si só já torna o áudio completamente inverossímil. Pelo que é dito pela mulher sem nome, parece que essa prática é até comum na China (o que não é), mas o que piorou a situação é que agora a carne humana estaria contaminada…
Além disso, a pessoa sem nome do áudio afirma que já foram mais de 4.000 mortos pelo coronavírus, o que também não é verdade. Dados de 18 de fevereiro de 2020 contabilizam 1858 mortos por causa da doença!
As fotos usadas nesse embuste
Pesquisamos a origem das fotos e vídeos usados como “provas” das acusações feitas pela mulher do áudio e apuramos que a imagem que mostra um homem em um açougue, com várias carnes penduradas atrás dele, foi tirada mesmo na China, só que em 2003.
Segundo o site Getty Images – que detém os direitos dessa fotografia – o homem é um açougueiro que está usando uma máscara em sua banca para se proteger contra um surto de pneumonia em Hong Kong. Nada sobre carne humana aqui, ok?
Sobre o vídeo, que mostra um homem cortando partes de corpos humanos com uma enorme faca, trata-se de um ritual funerário chamado Enterro no Céu, filmado na Tailândia. O vídeo é de 2013 e, de acordo com algumas vertentes do budismo, esse funeral consiste em se devolver o corpo do morto à natureza. Algumas partes do corpo são cortadas e jogadas para os abutres.
Ou seja, não tem nada a ver com canibalismo, nem com a China e tampouco com o coronavírus.
Em relação às demais fotos que se espalharam junto com áudio, já desmentimos aqui no E-farsas, em 2016, uma história que circulou na época afirmando que a China estaria exportando carne humana. As fotos usadas para dar mais credibilidade à fake news na ocasião foram tiradas de uma ação de marketing promovida por uma agência publicitária londrina, em 2012, para promover o lançamento do jogo de videogame Resident Evil 6!
Na época, explicamos que os “corpos humanos” foram feitos com carne de porco e pedaços de linguiça e presunto!
Conclusão
O áudio anônimo que afirma que a China estaria exportando carne humana enlatada e contaminada com o coronavírus é totalmente falso!
Fonte: É-farsas!
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