A maior parte das adolescentes internadas nas Comunidades de Atendimento Socioeducativo (Cases) de Salvador sofreu abuso sexual antes de ser apreendida. Conforme explica a coordenadora da Defensoria Pública Especializada na Defesa do Direito da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar, nesta quarta-feira (04), este é um dos motivos pelos quais as jovens saem de casa.
“O que nos vimos é que muitas meninas foram vítimas de violência sexual. Por isso que elas saem de casa muitas vezes, por espancamento e violência sexual. Ou elas vão para a casa de um familiar e são maltratadas e voltam para rua”, explica.
Conforme os dados revelados pela DPE, no “Relatório sobre o perfil dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa nas Comunidades de Atendimento Socioeducativo – CASES – de Salvador”, 75% das 28 adolescentes ouvidas são do interior da Bahia e atualmente moram longe das famílias. Do número total, 42,9% tem participação de coautor imputável (quando o crime é cometido com a presença de uma pessoa maior de idade) e quase 60% possuía vínculo afetivo com algum namorado ou companheiro.
“Meu pai me bateu no meio da rua. (…) Menino que estava junto perdeu até um dente. Me chamou de vagabunda, parecia que estava batendo em uma bandida mesmo e não numa filha. Isso só porque me atrase dois minutos para chegar em casa. Meu pai é violento, bastante agressivo, tem crise de ansiedade. Crise de ansiedade eu também tenho. Psicólogo me dá remédio e eu fico tombada. Também fui abusada quando tinha 10 anos e 11 anos, pelo meu padrasto”, releva uma das internas no relatório.
Ainda conforme a DPE 96,4% das jovens são negras, 28,6% têm filhos, 18,5% estavam na rua quando foram apreendidas, 70,4% não completaram ensino fundamental e 42,9% das infrações cometidas por elas são relativas a patrimônio público.
Fonte: Varela Noticias
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