Transmissão cresceria 50% com flexibilização do isolamento


A taxa de transmissão do novo coronavírus (Covid-19) por pessoas assintomáticas seria aumentada em 50% se as medidas de distanciamento social fossem flexibilizadas desde o último dia 27. Por causa disso, seria necessário aumentar a capacidade de leitos de UTI em 68%, conforme propõe uma simulação feita pela Rede CoVida – uma parceria entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (Ufba).

De acordo com resultados da simulação apresentados em conferência, na tarde de ontem, se houver a flexibilização das medidas no final deste mês, poderá haver aumento, ao final da primeira semana de maio, de 75% no comportamento da curva de casos acumulados, 23% de aumento no número de óbitos e 58% de incremento na necessidade de leitos clínicos.

A simulação foi feita levando em conta o número de leitos no sistema da rede hospitalar e a necessidade que a pandemia poderia gerar. Dessa forma, para o professor do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, o médico Luís Eugênio Souza, também membro do projeto, a Bahia ainda tem tempo de evitar um colapso do sistema.

“Levamos em conta os leitos que estão informados no site da Sesab e contamos não apenas com os que estão disponíveis hoje mais aqueles que estarão inseridos com a previsão de expansão dos leitos gerais e dos de UTI. Assim, teremos em torno de 1.300 leitos de UTI”, explicou.

Expectativa

A pesquisa, que trabalha com projeções de cenários, sugere a possibilidade de um cenário pessimista em que 37,5% das pessoas contaminadas pela Covid-19 sejam de casos graves ou severos. Se isso acontecesse, a ocupação total dos leitos de UTI teria o ápice a partir do dia 24 de maio.

Todo o esforço agora, conforme os pesquisadores, é tentar diminuir o número de casos novos.

Para que isso aconteça, além da ampliação de leitos, o grupo de pesquisadores, que também conta com a doutora em matemática Juliana Oliveira e o doutor em epidemiologia Elzo Júnior, ressalta a importância de serem feitas recomendações aos gestores públicos e à população.

“Claramente, a primeira recomendação se refere à manutenção das estratégias de distanciamento social, incluindo o uso de máscaras caseiras, a identificação por meio de testes e o isolamento dos indivíduos infectados – ações essenciais para reduzir a velocidade de transmissão do vírus e evitar o aumento no número de óbitos”, ressaltou Souza.

Além disso, ele também pontuou a necessidade de ampliação ainda maior da capacidade de internação com disponibilização de leitos, equipamentos e profissionais de saúde.

Segundo o boletim produzido pela CoVida, é necessário também o governo considerar a regulação única dos leitos públicos e privados como estratégia de rápida ampliação da capacidade de internação.

“Vários estados já estão adotando essa medida e a Bahia precisa se preparar também. Há uma capacidade instalada na rede privada que, a princípio, não está disponibilizada para o SUS, mas que é facultada ao poder público por todo nosso sistema legal”, concluiu Luís Eugênio Souza.

Fonte: A Tarde

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