O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou a atenção ao ir a pé até o Supremo Tribunal Federal acompanhado de Paulo Guedes e de representantes de setores empresariais para uma reunião com Dias Toffoli, presidente do STF, na qual voltou a pedir pela flexibilização do isolamento social para salvar empresas em meio ao novo coronavírus.
No podcast Baixo Clero #36, o jornalista Diogo Schelp analisa o ato do presidente e afirma que as atitudes de Bolsonaro colaboram para um aumento no tempo da necessidade de distanciamento social e a sérias consequências não apenas econômicas, mas também de saúde pública.
"Esse episódio demonstra que o Bolsonaro não conseguiu entender até hoje o que significa fazer uma prevenção num contexto de pandemia. É uma doença que não tem cura, não tem vacina, não se sabe sequer se vai ter uma cura tão cedo e o que se sabe é que a única coisa que funciona é o distanciamento social, é fazer com que as pessoas fiquem em casa o máximo possível e assim por diante", afirma Schelp.
"Se você faz esse esforço meia boca, sem a colaboração do Governo Federal ou com o Governo Federal jogando contra, o que você provoca é ainda pior para a economia, porque você faz com que esse isolamento, essas medidas tenham que ser mantidas durante um período mais longo", completa o jornalista.
Schelp cita estudos que avaliam a subnotificação da covid-19 apontam que o número de infectados pode ser entre 10 e 12 vezes a quantidade de casos divulgados oficialmente e que o isolamento precisaria ser de 70% para ter eficácia, mas atualmente está abaixo de 50%, motivo pelo qual estados precisaram rever planos de flexibilização.
"Essa visita do presidente ao STF com empresários só demonstra que ele não se dá conta disso e que ele empurra o país para uma situação em que a gente vai ter que viver esse desastre econômico e de saúde pública talvez até o fim do ano", finaliza Schelp.
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Fonte: Uol
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