Após quase morrer por Covid-19, a administradora Janet Mendez, de 33 anos, viveu outro susto enquanto se recuperava na casa de sua mãe em Nova York, nos Estados Unidos. Dias após receber alta do hospital Mount Sinai Morningside, onde ficou internada durante quase três semanas, ela começou a receber contas referentes a seu tratamento. Eram mais de R$ 2 milhões na cotação atual.
A primeira cobrança de cerca de US$ 31 mil não causou tanto espanto. Mendez não estava apta a trabalhar nem conseguia caminhar direito ainda, motivos pelos quais preferiu focar em sua melhora. No entanto, quando veio a segunda fatura, na faixa dos US$ 400 mil - apesar da ressalva de que o hospital reduziria em torno de 80% do valor como "benefício de assistência financeira" -, ela ficou sem saber como pagar, segundo o jornal The New York Times.
Pacientes como Mendez, tratados por causa do coronavírus, deveriam ter isenção sobre uma parte considerável da conta. O governo americano desembolsou quantias bilionárias para compensar hospitais e unidades de saúde pelos gastos com infectados por Covid-19 e pela queda na receita com outros procedimentos durante a pandemia.
Somente em Nova York foram injetados mais de US$ 3 bilhões em hospitais no último mês. O Mount Sinai Morningside recebeu US$ 63,7 milhões, de acordo com o NYT. Mas, para serem beneficiários, os estabelecimentos devem respeitar algumas condições, como não cobrar pagamento extra dos pacientes portadores de seguro de saúde que foram atendidos no local.
No caso de Mendez, o hospital admitiu que houve um equívoco, já que a conta deveria ser remetida à seguradora ou ao governo. A confusão foi justificada pela recente troca do seguro de saúde feita pela paciente, que deu entrada na unidade sem as informações relativas ao seu plano. Funcionários concluíram que ela não tinha qualquer cobertura. Na ocasião, Mendez mal conseguia respirar e não pôde explicar.
Esse tipo de mal-entendido não tende a ser uma situação isolada. Isso porque muitas pessoas perderam seus empregos e por consequência seus seguros de saúde em meio à crise econômica evocada pela pandemia. Fora isso, é permitido que médicos enviem cobranças diretas aos pacientes por seus serviços, o que aconteceu com Mendez.
Os médicos que cuidaram da administradora cobraram entre US$ 300 a US$ 1.800 por dia. Nas contas que recebeu, Mendez ainda se deparou com gastos de "encargos de internação" e "farmácia", por exemplo, embora não estivessem detalhados. Não havia indicações de quais medicamentos ela tomou.
"Eu não sei que remédios eles usaram em mim. Não posso dizer se eles fizeram isso ou não", disse Mendez ao Times, ao ressaltar que passou a maior parte do tempo inconsciente.
A administradora ingressou no hospital em 25 de março com problemas respiratórios graves e precisou ser colocada em um respirador. Mendez passou dias desacordada. Quando despertou, ela sequer lembrava seu nome e onde estava. Apenas mais de 24 horas depois sua memória começou a voltar.
Em vídeo divulgado após sua recuperação, um dos médicos descreveu seu quadro como "um triunfo".
Mendez só poderá se ver livre do hospital quando as contas forem pagas. Ela está esperançosa de que o seguro vai arcar com a maioria dos gastos. Mas ainda teme ser surpreendida por outra cobrança inesperada.
Fonte: Epóca