As empresas investigadas na Operação Ragnarok venderam respiradores por preço 3.000% acima do custo de produção para o Consórcio do Nordeste. Os equipamentos nunca foram entregues.
A revelação foi feita em reportagem da Piauí, que obteve planilhas de uma empresa terceirizada da Biogeoenergy, responsável pela montagem dos produtos que seriam distribuídos pela HempCare. Segundo o portal, os documentos indicavam o custo individual de R$ 2 mil para cada ventilador. Como cada equipamento foi vendido por R$ 162,5 mil, se elevado o custo de produção para R$ 5 mil, isso significaria que o valor unitário do equipamento foi o equivalente a 3.150% do valor de produção.
A nível de comparação, a publicação pontua que o respirador importado mais caro da General Eletric, líder no mercado, custa R$ 140 mil.
Um médico intensivista e também representante de uma fabricante de ventiladores ouvido pelo site disse que a tecnologia usada pelo "Respira Brasil" é obsoleta, de 20 anos atrás. “Esse equipamento não permite mensurar a real necessidade de oxigênio do paciente nem saber o grau de infecção pulmonar. É como um Fusca sem velocímetro. Você vai às cegas”, comparou o profissional. Foi ele quem estimou que o custo de produção de um equipamento com as características utilizadas pela Biogeoenergy.
Como esclarecido pela Operação Ragnarok, a compra previu a aquisição de 60 ventiladores pela Bahia e 30 por cada um dos demais estados do Nordeste. Por conta disso, o governo baiano teve o maior prejuízo: R$ 10,8 milhões.
O caso já foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e provocou a exoneração do secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster. Ele foi citado pela dona da empresa HempCare, Cristiana Prestes, que disse que fez todas as tratativas do contrato foram negociadas com ele. Além disso, nesta terça (9), o Ministério Público Federal instaurou um inquérito para investigar irregularidades e eventuais atos de improbidade administrativa por parte dos Consórcio do Nordeste
Fonte: Bahia Notícias
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