Jovem pobre com doença rara perde rim, estuda em hospital e é aprovada em medicina



Amanda Vitória. O nome dessa menina não poderia ser outro, ela é mesmo uma vitoriosa. Depois de fazer hemodiálise, perder um rim, passar a adolescência em hospital, ela superou tudo isso, estudou e foi aprovada em medicina.

Amanda mora na comunidade Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Aos 12 anos, ela começou a sentir os sintomas da doença, foi internada e diagnosticada com Granulomatose de Wegener, uma doença autoimune rara.

A doença afetou o rim da garota, que precisou fazer hemodiálise, passou por um transplante, ficou mais de 50 dias internada, perdeu o rim transplantado e agora espera por um novo doador.


E de tanto vivenciar a rotina do hospital, ela decidiu que queria ser médica.
“Quando eu estava no hospital eu via as pessoas chegando muito mal, depois de um tempo essas pessoas estavam bem. Daí eu pensei, também quero ajudar as pessoas assim“, disse.


Mas como estudar para um curso tão concorrido no meio de complicações sérias de saúde?

Amanda acabou perdendo um ano escolar por causa das internações, mas a vontade de estudar era maior. “A gente levava os livros para o hospital, as atividades, a gente pedia notebook emprestado para ela concluir o Ensino Médio”, disse a irmã Taynan.

Amanda Vitória não só concluiu o Ensino Médio, como fez a formatura dentro do hospital.


Médico inspirou Amanda a ser médica

“Aí a gente dizia que tava bom, Amanda, que Ensino Médio tava ótimo, mas ela queria continuar estudando”, disse a irmã. E ela continuou. Amanda ganhou uma bolsa de estudos em um cursinho e passou a se dedicar ainda mais para ser aprovada em medicina.

E um dos grandes incentivadores foi o médico dela, Fábio Spundaro. “Eu levava os cadernos para a hemodiálise e o que eu não entendia, eu pedia ajuda a ele”, disse Amanda.


Família vive realidade difícil

Foram dois anos de muito esforço, entre o tratamento e os estudos. A família tem uma realidade difícil e fazia de tudo para investir no sonho da garota.

O pai e a mãe são separados e os cinco filhos moram em pequenas casas sem saneamento básico em uma rua de chão de terra batida.


Amanda mora com o pai, uma irmã mora num quartinho nos fundos da casa, outros dois irmãos moram com a avó, na mesma rua, e Taynan, a mais velha, mora na rua paralela.


A renda da família vem da aposentadoria da avó, de um benefício social de Amanda e do trabalho do pai como entregador de jornal. Ele trabalha dia e noite. A irmã mais velha já constituiu família e trabalha como Bombeira Civil e técnica de segurança do trabalho.

Não bastassem as dificuldades de saúde, Amanda também enfrentava as limitações financeiras, e acabou sendo reprovada duas vezes. “Nunca pensei que minha irmã fosse conseguir passar, mas nunca deixei de incentivar“, disse Taynan.


Aprovação veio na terceira tentativa

Era a terceira e última tentativa de Amanda para o curso de medicina.

Até para pagar as taxas de inscrição dos anos anteriores, o dinheiro foi conquistado com muita dificuldade. Mas depois de tanta batalha, a aprovação finalmente veio e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


“Eu queria muito ser médica. Chorei muito. Foi a maior alegria da minha vida. É a conquista da minha vida, é um sonho que eu estou realizando. Eu sempre chamei de o sonho mais bonito de todos. Pra minha família é orgulho, é felicidade, é esperança”, disse.

“Cheguei até a escutar da pessoa que eu mais amo que a gente botasse os pés no chão e parasse, talvez querendo nos proteger da frustração. Pela dificuldade mesmo, financeira, de recursos, mas a gente sabia que podia mais“, disse Taynan.

Na comunidade, até uma faixa de parabéns colocaram na rua, afinal é uma jovem pobre, negra, da periferia, que vai cursar medicina.


“Aqui onde eu moro não existem pessoas que tenham entrado numa faculdade, muitas nem terminaram o Ensino Médio. Eu ter passado em medicina faz eu acreditar que é possível”, disse.


Amanda Vitória agora está se disponibilizando para ajudar outras pessoas que tenham dificuldade nos estudos.

“Quando eu passei uma criança me parou e disse que se eu consegui um dia ela também vai conseguir ser médica. E isso me deixou muito feliz. Me faz acreditar que o futuro guarda coisas lindas pra todos”, disse Amanda.

Amanda espera por transplante

Vencida essa batalha, Amanda agora aguarda por outra conquista. Há mais de um ano ela está na fila de espera por um transplante.

“Eu quero dizer aos familiares que incentivem as pessoas, escutem seus parentes porque são eles que dizem que querem doar órgãos”, disse ela.

“Nós chegamos até aqui, nós vamos conseguir“, finalizou a irmã.

Com certeza vão sim, suas lindas!

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Fonte: R7

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