Neste mês, a Lei Maria da Penha completa 14 anos, e, como parte integrante das celebrações, foi criada a campanha 'Agosto Lilás', no intuito de alertar a população sobre a importância da prevenção e do enfrentamento à violência contra a mulher. Com o isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19 houve um aumento significante no número de denúncias de violência de gênero. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, desde março, o país saltou de 3.580 denúncias diárias para 18.586, em junho.
De acordo com a psicóloga do Sistema Hapvida, Elaine Souza, a vida em tempos de quarentena contribuiu com a violência doméstica, mas será necessário um tempo de ajustamento social para verificar os efeitos pós-pandemia para essas mulheres. "Quando tudo isso passar, outros fatores de vulnerabilidade continuarão em ação, como a pobreza e a condição racial. As mulheres negras, por exemplo, são as mais afetadas pelo desemprego durante a pandemia, e a dependência financeira se torna um dos fatores agravantes na violência doméstica", pondera.
Os episódios de agressão doméstica tendem a acontecer com frequência e isso costuma ocasionar sérios prejuízos à saúde mental das vítimas. Quem sofre esse tipo de violência normalmente desenvolve alguns quadros associados à depressão e ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, e que podem evoluir para doenças físicas e psicossomáticas. Além disso, as vítimas de violência domiciliar enfrentam dificuldades para voltar a confiar em si e nas outras pessoas, atrapalhando sua vida profissional, social e afetiva. "O trauma sofrido desencadeia na vítima, insegurança, medo, sentimento de vulnerabilidade e baixa autoestima. Isso acaba diminuindo a qualidade de vida da mulher, e pode incliná-la ao isolamento, pela dificuldade de estabelecer novas relações", afirma a psicóloga.
Para que se rompa o ciclo de violência dentro do âmbito familiar, é fundamental que as mulheres conheçam e compreendam os seus direitos. A retomada da rotina tende a levar tempo e ser muito difícil. Por isso, se torna importante buscar ajuda psicológica e estar cercado por redes de apoio como familiares, amigos e outras que lhe apresentem acolhimento e novas possibilidades para a criação de estratégias de enfrentamento e empoderamento. Buscar ajuda profissional é muito importante nesse momento de superação e reconstrução da autoestima. Entre outras coisas, o processo terapêutico irá ajudar as vítimas a redescobrirem suas potencialidades, criar mudanças, investir em si e em seus projetos pessoais e desconstruir crenças limitantes.
Fique por dentro dos tipos de violência!
Física: quando o agressor pratica qualquer ato que prejudique a saúde física ou a integridade do corpo da mulher;
Psicológica: pode ser emocional ou verbal e consiste em atitudes e ações que causem mal-estar e sofrimento psicológico à mulher;
Sexual: ações em que a mulher é forçada à prática sexual ou outros atos libidinosos, mediante ameaças, agressões ou qualquer outro meio que comprometa o livre consentimento;
Patrimonial: são aquelas práticas não legais ou não éticas que causem à mulher prejuízos em seus direitos patrimoniais;
Moral: se dá quando a mulher é insultada em sua moral, quando sofre qualquer conduta que configure calúnia, injúria ou difamação praticada pelo agressor.
Para denunciar
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Para denunciar um caso de violência contra a mulher ligue para o número 180.
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Saúde