Dia do Capoeirista: Baiano dá aulas de capoeira online por causa da pandemia da Covid-19: 'Saúde e cultura'




Agente de movimentação de materiais na companhia que administra o metrô de Salvador e professor de capoeira nas horas vagas, o baiano Anderson dos Santos, de 39 anos, celebra o Dia do Capoeirista, nesta segunda-feira (3), de uma forma diferente. Por causa da pandemia do coronavírus, ele, que pratica o esporte há mais de 20 anos, tenta se acostumar a uma nova ideia: aulas online.

Por causa do cenário atual, de restrições e prioridade à saúde das pessoas, as aulas, que antes aconteciam de segunda a quinta, das 18h às 19h (para os mais novos) e 19h às 20h, podendo se estender a depender do ritmo da capoeira, são feitas através da internet. Para o professor Alemão, como é conhecido, a resposta é positiva.

“A gente se reinventou e estamos fazendo capoeira online através de um aplicativo. Cada um na sua casa. Eu pedi para os alunos e os pais baixarem o aplicativo, começou e graças a Deus está dando certo”, disse.

“A galera está adorando, fala que está ótimo, se espalham no quintal e é uma coisa maravilhosa”.

O trabalho como professor de capoeira, que é voluntário, viabiliza o acesso de jovens do bairro de São Gonçalo do Retiro ao esporte e à cultura, proporcionando melhoria nas condições de vulnerabilidade social.

Através das redes sociais, Anderson e o IECIS têm feito uma corrente colaborativa para arrecadar alimentos para os moradores de São Gonçalo do Retiro. Assim, eles fazem a integração do esporte e da solidariedade.

“É importante valorizar os nossos mestres de hoje em dia e os mestres antigos. A gente cobra mais incentivo, valorização. Estamos na Bahia, e aqui a capoeira era para ser mais valorizada”, desabafou.

“Além de tirar as crianças das ruas, com as mentes vazias, elas ganham disciplina. É um esporte que trata saúde e cultura. Só de você ouvir que as pessoas estão adorando e que a gente tem que continuar, é maravilhoso isso”, diz.

Durante o dia, Anderson dos Santos cuida do almoxarifado e inventários da concessionária. À noite, ele ensina os golpes de ataque e defesa, que demonstram que além da arte, a cultura prevalece no bairro.


Através da mistura do som do berimbau, arte-marcial, esporte, cultura popular e dança, Anderson comanda as aulas desde 2017, no Instituto de Esporte, Cidadania e Inclusão Social (IECIS), na comunidade.

“A minha trajetória na capoeira também começou em um projeto. Eu e um colega descobrimos que a Uneb estava dando aulas gratuitamente, isso há 21 anos. Minha carreira começou assim, e agora eu tenho a oportunidade de passar para outras pessoas que estão começando”, diz o orgulhoso professor Alemão.


O professor tinha duas turmas com cerca de 100 alunos, entre 7 e 49 anos, incluindo duas mães que aderiram ao projeto. Os encontros virtuais estão acontecendo por uma plataforma digital, às terças e quintas-feiras, sempre às 19h. As aulas contam com cerca de 15 a 20 alunos.

“Agora temos umas 15, 10 pessoas, porque nem todo mundo tem celular, tem internet, aí fica mais limitado. Antes da pandemia, a gente tinha cerca de 100 alunos inscritos, mas uns 70 frequentavam”, contou Anderson, lembrando que as aulas chegaram ser dadas em um campo de futebol e em uma praça, por causa da quantidade de pessoas.

Anderson conta que a capoeira é um caso de amor que ele passou a dividir com o filho, Nicolas Santos, de 12 anos. O garoto, que aprendeu os golpes com o pai, agora ensina os colegas iniciantes.

“Eu gosto muito. Eu aprendo golpes, aprendo muitas coisas lá e faço muitas amizades lá”, disse Nicolas, que quer ser capoeirista quando crescer.

Fonte: G1 Bahia

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