O líder espiritual João Tércio Cunha Costa, criador da Fundação OCIDEMNTE (Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais), sediada em Salvador, é investigado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por abuso sexual e psicológico.
Ao todo, treze mulheres relataram terem sido vítimas de João Tércio. O depoimento delas foi encaminhado ao MP-BA, que apura o caso. Parte dos crimes teriam acontecido no bairro de Stella Maris, na sede da fundação.
Uma das promotoras responsáveis pelo caso, Sara Gama, a primeira da Bahia especializada em violência contra a mulher, informou à CNN que na próxima semana deve ouvir ainda outras vítimas.
Inicialmente, os crimes investigados são de estupro, importunação sexual e assedio, devido a posição hierárquica do líder em relação às mulheres.
João Tércio foi procurado pela CNN em todos os endereços em que supostamente tinha alguma ligação, mas não foi localizado.
Em nota, a Fundação OCIDEMNTE declarou que não tem conhecimento sobre qualquer denúncia contra um membro, e que João Tércio não tem mais vínculo com a instituição, ainda que seja um dos fundadores.
As denúncias foram recebeidas pela Ouvidoria das Mulheres, órgão do Conselho Nacional do Ministério Público e ao Projeto Justiceiras, que acolhe mulheres durante a pandemia do novo coronavírus, período em que foi registrado aumento no número de casos de violência doméstica.
O canal, que começou a funcionar em junho, recebe também pedidos anteriores à pandemia de Covid-19, como é o caso de uma das denunciantes de 33 anos. Ela diz ter conhecido Tércio aos 16 anos, por meio de um antigo namorado, e que teria sido abusada por ele durante cinco anos.
Depois de analisar as denúncias, a promotora Sara Gama observou semelhanças nos relatos. Ela destaca que caso o crime seja comprovado, não é um ato da "instituição", mas sim "da pessoa".
“Elas acreditaram nele como um ser elevado espiritualmente, como alguém que tem uma projeção suficiente para lhes aconselhar, conduzir as suas vidas. Aquelas coisas que acontecem em todas as religiões, fundamentos, enfim. Não se trata de culpa da instituição. É culpa do homem, da pessoa, não da instituição, disse Sara, acrescentando que Jair Tércio foi Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica da Bahia (Gleb).
A Glbeb, por meio de nota, informou que o "irmão" Tércio teve os direitos maçônicos suspensos e que uma apuração interna será aberta. Contudo, reitera que a Loja Maçônica "não tem controle sobre atos e procedimentos de seus membros". A Justiça baiana, no entanto, não vê nenhuma relação da instituição com os crimes investigados.
DEFESA
A defesa do líder espiritual nega as acusações. O advogado Fabiano Pimentel alega que os depoimentos não "condizem com a conduta" de seu cliente, que jamais agiu com violência em "relacionamentos afetivos".
Ele acrescenta que João Tércio Costa nunca tirou "vantagem ou proveito" da sua posição como líder espiritual e que seguirá à disposição da Justiça para esclarecer os fatos.
Fonte; BNews
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