Foto: Divulgação / Polícia Civil |
Em entrevista à revista VEJA, a advogada Ana Flávia Rigamonti, que conviveu em Atibaia (SP) com o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, contou segredos sobre o tempo de confinamento no escritório do advogado Frederick Wassef, ligado à família Bolsonaro.
A advogada se mudou para o local porque Wassef tinha feito uma proposta de trabalho, e lá ela ficaria até encontrar um apartamento na capital, São Paulo. A ideia surgiu porque os dois tinham atuado juntos em algumas causas e queriam estender a parceria.
Queiroz chegou ao escritório pouco depois de Rigamonti, porém com o pseudônimo "Felipe". Ele era investigado no inquérito das rachadinhas, no gabinete de Flávio Bolsonaro, instaurado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
Após reconhecê-lo, a advogada ficou preocupada com a situação. No entanto, a esposa de Queiroz, Márcia Aguiar, se aproximou dela e a tranquilizou, dizendo que seu marido não era foragido da Justiça.
Ainda assim, a ideia da defesa do policial aposentado era mantê-lo escondido, até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgasse o caso, que poderia resultar em arquivamento do inquérito.
Dessa forma, Rigamonti e Queiroz criaram um laço, pois eram as únicas companhias um do outro. De acordo com a VEJA, os dois iam ao mercado juntos, cozinhavam juntos e gastavam o tempo conversando. A advogada acompanhou o ex-assessor em tratamento médico e até mesmo emprestou o carro para que ele visitasse a família no Rio de Janeiro.
Porém, como regras de segurança, Queiroz não podia usar o celular ou qualquer cartão de crédito. Ele fazia compras apenas em dinheiro, e só saía de casa de óculos ou boné. Quando não fez isso e alguém o reconheceu no supermercado, se condenou e se policiou.
Suas viajens para outras cidades eram feitas de madrugada. E Queiroz não costumava conversar sobre a vida pessoal. Apenas falava que o presidente Jair Bolsonaro era muito seu amigo e que Flávio Bolsonaro, seu ex-chefe, era "gente boa".
Em uma troca de mensagens entre Rigamonti e Márcia Aguiar é possível ler a esposa de Queiroz dizendo. "A gente não é foragido. Ah, que saco. Eu já não estou aguentando mais essa situação, amiga. Não estou. Ganhando ou não ganhando, o nosso nome vai ficar na mídia, o nome do Queiroz vai ficar na mídia por muito tempo”, desabafou.
Durante essa troca de mensagens, Aguiar afirma que um "Anjo" tinha traçado um plano para que seu marido sumisse dali, caso fosse derrotado no STF. O ex-assessor se mudaria para uma casa alugada ali mesmo, em Atibaia.
Entretanto, com a derrota de Queiroz no STF, o celular de Márcia Aguiar foi preso, e as mensagens em questão foram lidas. O policial aposentado foi preso no escritório de Wassef, na Operação Anjo.
A desconfiança dos promotores é que o "Anjo" a quem as duas se referem seja o agora ex-advogado da família Bolsonaro. Porém, Wassef negou veementemente em entrevista à VEJA. "Nunca alguém me chamou de Anjo. Nunca o presidente Bolsonaro me chamou de Anjo e duvido que ele chamou alguém de Anjo na vida. Ninguém na família Bolsonaro me chamou de Anjo e eu nunca tive apelido de Anjo. Agora, se alguém inventou isso, eu não sei”, afirmou.
Ele ainda ressaltou que abrigou Queiroz por questões humanitárias, já que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro lutava contra um câncer à época.
Segudo Rigamonti, porém, Queiroz e a esposa utilizavam o apelido para se referir a Wassef. "Não fui eu que criei esse apelido. Não sei o que significa esse apelido e quem inventou esse apelido. Quando conheci o Queiroz e a Márcia, esse apelido já existia. Não fui eu que inventei. Eram eles que usavam esse apelido", afirmou, e depois confirmou que o advogado era o tal "Anjo".
Fonte: Bahia Notícias