Helicópteros do PCC apreendidos na operação Além-Mar, em agosto de 2020. Facção criminosa já operou frota superior à das forças de segurança paulistas
Até novembro do ano passado, a frota aérea do PCC (Primeiro Comando da Capital) era maior do que a soma total de aviões e helicópteros das Polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo. Juntas, as duas instituições têm 33 aeronaves.
Esse número é inferior às 37 aeronaves apreendidas pela PF (Polícia Federal) com traficantes internacionais ligados à facção criminosa apenas na Operação Enterprise, deflagrada em novembro. Ações anteriores apreenderam mais aeronaves.
A Polícia Militar informou ao UOL que dispõe de 27 helicópteros e dois aviões. Procurada na terça-feira, (26), para fornecer números sobre a frota aérea da Polícia Civil, a Secretaria Estadual da Segurança Pública não havia retornado até a conclusão desta reportagem. Mas investigadores afirmam à coluna que a corporação paulista tem quatro helicópteros.
Uma das aeronaves apreendidas na Operação Enterprise foi avaliada em US$ 20 milhões. As autoridades federais afirmaram que foram obtidos R$ 1 bilhão em bens e valores apreendidos e bloqueados.
Os agentes da PF apuraram que o chefe do esquema era o ex-policial militar de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, 62, conhecido como Major Carvalho. Ele estava foragido na Europa.
Carvalho utilizava aeronaves para trazer toneladas de cocaína da Bolívia e da Colômbia ao Brasil e depois exportava a droga para países europeus. O UOL não encontrou o advogado dele.
Operações revelam milhões em dinheiro e bens
Na Operação Reis do Crime, desencadeada em 30 de setembro do ano passado, a PF desarticulou o maior braço financeiro do PCC. Foram bloqueados R$ 730 milhões em bens, incluindo dois helicópteros.
Em agosto de 2020, a PF confiscou mais R$ 55 milhões em bens em poder de traficantes ligados ao PCC. Foram apreendidos na Operação Além-Mar, em 10 estados, quatro helicópteros, quatro aeronaves, quatro embarcações, duas motos aquáticas e 130 veículos.
Outro braço financeiro do PCC, com atuação no Estado de São Paulo, foi desarticulado pelo MPE (Ministério Público Estadual) durante a Operação Shark (tubarão, em inglês). Um dos presos tinha esse apelido.
Planilhas apreendidas mostraram que essa célula do PCC movimentou R$1 bilhão com o tráfico de drogas entre 2018 e 2019. Em seis meses foram gastos R$ 5 milhões somente em despesas com manutenção de aeronaves.
A Polícia Civil de São Paulo também apreendeu dois helicópteros em setembro de 2019 em uma mansão de Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro, relacionada ao narcotraficante André Oliveira Macedo, o André do Rap, que está foragido.
Advogados de André do Rap dizem que ele jamais teve envolvimento com o crime organizado, nunca integrou facção criminosa e que vão provar a inocência dele oportunamente.
Fonte: Uol
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