Foto: Jefferson Rudy / Ag. Senado |
Protegido por um habeas corpus, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel compareceu à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (16), mas sua presença no colegiado durou cerca de 4 horas e 30 minutos e nem todos os senadores presentes puderam fazer perguntas.
Durante o depoimento, Witzel insinuou que o presidente Jair Bolsonaro seria o responsável pelas mais de 450 mil mortes por covid-19. O governador cassado disse também que o governo federal criou uma narrativa para fragilizar os governadores por terem tomado medidas restritivas.
Witzel estava sendo questionado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre suspeitas de desvio de dinheiro na compra de respiradores pela gestão do ex-governador, quando Witzel pediu ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para deixar o colegiado.
Aziz disse que o pedido estava amparado por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que garantiu um habeas corpus a Witzel, e comunicou o encerramento da sessão.
"Não podia deixar de vir. Respondi a todas as perguntas. Agora na medida em que começa a haver ofensas, na forma de senadores que se dirigiam a mim de forma ofensiva, de forma leviana, até mesmo chula, não poderia continuar dessa forma. Estou aqui para ser respeitado e respeitar", afirmou Witzel em entrevista após a sessão.
Antes de ir embora, o ex-juiz protagonizou momentos tensos de embate com o filho do presidente Jair Bolsonaro.
"Senador, o senhor pode ficar tranquilo que eu não sou porteiro. Não vai me intimidar, não. Mas, senador Flávio Bolsonaro, vossa excelência é contumaz ao dar declarações atacando o Poder Judiciário, especialmente o juiz Flávio Itabaiana", afirmou Witzel a Flávio. Pouco antes o depoente também disse que o senador era mimado e mal-educado.
A fala era uma referência ao porteiro do condomínio em que Jair Bolsonaro tem residência no Rio, que inicialmente afirmou que os assassinos da vereadora Marielle Franco teriam ido à casa do presidente, mas que depois mudou a sua versão.
Witzel também disse que vem recebendo ameaças de morte em série. Acredita que algumas delas partem de milicianos do Rio de Janeiro, apesar de ressaltar que "miliciano não se declara miliciano".
Fonte: Metrópoles