Bandeira do México
Foto: Chantel / Unsplash
Alguns pontos sobre a campanha eleitoral no México são como em qualquer outro lugar: comícios, adesivos e candidatos fazendo grandes promessas. Já outros movimentos da política local como ameaças, ataques e assassinatos se mostram mais específicos.
A violência política mancha cada temporada eleitoral no México, e o período que antecede as eleições de 6 de junho deste ano não é diferente. As ocorrências do tipo foram intensificadas nos últimos meses.
Pelo menos 88 políticos ou candidatos a cargos públicos foram assassinados desde setembro, segundo a consultoria mexicana Etellekt Consultores. Eles fazem parte de um grupo de pelo menos 565 políticos ou candidatos que já foram alvo de algum tipo de crime, segundo a consultoria.
O governo mexicano diz que as eleições deste ano serão as maiores da história. Quando as urnas forem encerradas, em 6 de junho, a disputa também pode ser uma das sangrentas.
Os assassinatos políticos no México
O candidato Abel Murrieta distribuía panfletos de campanha em plena luz do dia há duas semanas, em uma rua movimentada de Cajeme, o município onde ele estava concorrendo a um cargo público. O ex-promotor do estado de Sonora, ao norte do país, estava com seus apoiadores quando, segundo a polícia, dois homens que estavam em um veículo o mataram com 10 tiros.
Como candidato, ele costumava dizer que o combate ao crime era seu tema principal.“Basta que as drogas roubem nossos jovens e destruam nossas famílias. Eu sou um homem de direito e vou colocar ordem. Minha mão não treme. Não tenho medo”, disse Murrieta em seu último anúncio de campanha, gravado apenas um dia antes de seu assassinato.
As autoridades dizem que ele foi um alvo deliberado, embora não saibam quem o fez. Uma investigação está em andamento.
Murietta era uma figura de destaque e conhecido por suas opiniões francas sobre o crime. Como advogado, ele também representou a família LeBaron, uma família com dupla cidadania americana e mexicana que perdeu nove de seus membros quando foram mortos por supostos membros do cartel no final de 2019.
Presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador
Foto: Divulgação
Na terça-feira da semana passada, outro candidato foi morto a tiros durante um evento de campanha. Alma Rosa Barragán era candidata a prefeito da cidade de Moroleón, no estado de Guanajuato, uma das regiões mais violentas do país.
A Procuradoria-Geral da República de Guanajuato condenou o assassinato e uma investigação está em andamento.
O que está por trás da violência no país
Os motivos das mortes de tantos candidatos em todo o país não são claros, mas os fatores alegados são o crime organizado e a luta pelo controle territorial. Também não é incomum que os políticos ou candidatos estejam vinculados ao crime organizado.
O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, desde a posse, adotou um rumo diferente no combate ao crime organizado, evitando estratégias anteriores de entrar em guerra com os cartéis. Ele defende abordar as causas profundas da pobreza de longo prazo como uma forma de oferecer alternativas a ser um cartel, uma estratégia comumente conhecida como "abraços, não balas".
O governo López Obrador tem afirmado sistematicamente que sua estratégia leva mais tempo para que os resultados sejam realmente vistos. Há décadas, críticos afirmam que o governo federal não está fazendo o suficiente para proteger os candidatos, e com a gestão do presidente Andrés Manuel López Obrador não é diferente.
“Este é um momento difícil para essas campanhas”, disse López Obrador recentemente durante sua entrevista coletiva diária. "Continuaremos a protegê-los." As palavras de "continuar protegendo-os" significariam que o governo já está protegendo efetivamente os candidatos, o que não se mostra verdadeiro diante dos fatos.
Os críticos dizem que a resposta ineficaz do governo se deve em parte ao seu fracasso em reconhecer a extensão do problema. A contagem do próprio governo de quantos políticos ou candidatos foram assassinados, atualmente com 14 mortes, é muito menor do que outras estimativas, incluindo a da consultoria Etellekt.
Quando questionado sobre por que os números de seu governo eram tão diferentes, o presidente se recusou a revelar como seu governo chegou a esse cálculo.
Fonte: CNN Brasil
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