Empresários do setor de eventos rebatem declarações de Rui Costa: 'tentando marginalizar o segmento'


Os empresários do setor de eventos ouvidos pelo BNews se / mostraram contra o governador da Bahia
Reprodução / Instagram Redação

As declarações de Rui Costa, na manhã desta segunda-feira (10), caíram como uma bomba entre os empresários do setor de eventos de Salvador. O governador associou a alta no número de casos de covid-19 aos eventos que estão sendo realizados na capital baiana e outras cidades do estado.

“Desde outubro eu falo com as pessoas que organizam festas [ter o controle de acesso de vacinados], mas, infelizmente, eles não estão cuidando do negócio deles. Porque se a pessoa quer continuar fazendo festa, a primeira coisa que deveria fazer: as pessoas que entram devem ser vacinados e aí poderia fazer a festa, quando não é feito estamos colhendo o fruto disso”, disse.


Em contato com a reportagem do BNews, Nei Ávila, diretor da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), disse ter ficado perplexo com as declarações do governador. "Me estarrece ele querer colocar a culpa no setor, que foi um dos mais fragilizados de todos. É lamentável", declarou ao revelar que o gestor estadual tem evitado se reunir com os empresários há meses.

"Diferente do que ele fala, nós que estamos tentando uma audiência há quase um ano para discutir e nunca fomos atendidos. Inclusive, o governo se omitiu ao chamado do Ministério Público, para tratar das retomadas dos eventos. A prefeitura foi, a secretaria de Saúde também, e o governo não mandou nenhum representante".

Nei Ávila (diretor da Abrape)

E reforça. "Ele disse que fala desde outubro. Falando com quem? Não nos atendeu em nenhum momento. Fomos ao vice-governador, à AL-BA, pedimos inúmeras vezes para ele conversa com a gente e não fomos ouvidos. Inclusive, está tendo uma reunião para tratar dessas novas medidas e não tem nenhum representante nosso lá até para ouvir e entender. Isso nos deixa triste, a falta de diálogo, que ele disse que vem tendo desde outubro. Os eventos cancelados foram pelos artistas e produtores, pensando na saúde dos terceiros, provando que estamos colaborando".

Para Ávila, não há critério para retroceder no processo de retomada dos eventos. "Ele infelizmente tem a caneta. Qual o critério da redução, por exemplo? Existe um surto, mas Salvador chegou a ter dias com zero mortes por covid, na Bahia apenas três. Infelizmente são vidas perdidas, mas hoje morre mais gente na bala do que de covid e nem por isso ele manda as pessoas ficarem em casa pela falta de segurança".

O discurso é reforçado por Guiga Sampaio, sócio da Diva Entretenimento. "Tentar marginalizar o segmento de entretenimento é de uma injustiça sem precedentes. Dizer que o surto de Covid e gripe é “fruto” dos eventos é uma grande blasfêmia. Não obstante de não nos apoiar, nem criar nenhum subsídio para o segmento, o que assistimos com muita tristeza, é o nosso líder nos imputar culpa, irresponsabilidade e falta de profissionalismo".


O empresário destaca também o cumprimento de todos os protocolos estabelecidos durante os eventos realizados. "O trade vem sofrendo há dois anos e cumprindo à risca os decretos e protocolos vigentes. O único local onde eu vi cobrança de cartão de vacinação foi no acesso aos eventos", chama atenção ao lamentar a possível redução no número de pessoas nas festas. "Só nos resta lamentar, continuar batalhando e esperar menos ciência política e mais ciência médica".


Já Ricardo Cal, sócio da Oquei Entretenimento, acredita que uma decisão que vá contra à retomada de eventos na Bahia, pode trazer danos irreversíveis. "Eu acredito que o setor não consegue resistir a um segundo fechamento. Isso vai gerar um prejuízo financeiro enorme, fora o que já foi gerado. Acredito que o governador sabe disso, mas cabe a ele tomar a decisão e cabe a gente seguir".

Ele reforça o cumprimento das normas durante a realização de eventos. "Os eventos são os únicos lugares que a gente consegue ter um controle. Isso, por exemplo, não pode ser feito nas praias e as praias estão lotadas. Não é culpa dos eventos. Não concordo. O período do final de ano, as pessoas se aglomeraram mais em um momento em que uma nova variante ganhou força".

O empresário disse lamentar a possibilidade de redução no número de pessoas, levantada pelo governador, mas garantiu que haverá cumprimento do que for determinado. "Eu vou ter a mesma posição que tive ao longo dos outros decretos. Vamos seguir. Cabe a nós acatar. Mas, vai ser um golpe mortal".

Fonte: BNews

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