Lula aposta em discurso sobre família e religião para enfrentar Bolsonaro


O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional do PSB, na noite de quinta-feira (28/4) em Brasília, indica uma das apostas do pré-candidato ao Palácio do Planalto para ampliar o eleitorado em direção ao centro e à direita para, com isso, enfrentar a defesa de bandeiras conservadoras feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Aliados do petista e do ex-governador Geraldo Alckmin, que fez no evento sua estreia diante da militância do partido ao qual se filiou em março, avaliam que falar sobre família, religiosidade e as dificuldades não só das camadas mais vulneráveis da sociedade, mas também de micro e pequenos empreendedores, é um caminho importante para ampliar o alcance da futura chapa presidencial além do eleitorado da esquerda.

No discurso que encerrou a abertura do evento, Lula falou em revalorizar a família para que o país tenha mais dignidade. “Estamos começando uma pequena guerra que não é de tiro, não vai ter violência. É uma guerra do respeito, da dignidade, onde as famílias passem a ter valor nesse país. Quando a família está bem, a cidade está bem, o Estado está bem, e o país está bem.”

Em comparação direta a Bolsonaro, o petista afirmou haver diferenças entre o que ele e o adversário consideram ser cristão. “Eu sou cristão, eu acredito em Deus, e o Deus em que eu acredito não pode ser o Deus que essa gente, que fala mentira, acredita”, comparou.

Família e religiosidade têm sido temáticas constantes nos discursos de Bolsonaro – o presidente tem aparecido em vantagem entre os eleitores evangélicos, de acordo com pesquisas de intenção de voto.
O aceno a autônomos, público que teria maior resistência ao petismo, veio quando Lula prometeu fazer um “milagre para incentivar o empreendedorismo”. “Vamos transformar o BNDES para que o banco volte a ter uma carteira para o pequeno e médio empresário”, disse. Nos governos do PT, houve acusações de uso político do banco público e de direcionamento para aliados dentro e fora do país.

Alckmin, por sua vez, fez menções à qualidade das políticas de educação de gestões estaduais do PSB, como Pernambuco, Espírito Santo e Maranhão, e disse ter recebido no voo entre São Paulo e Brasília, na tarde de quinta-feira, uma carta de uma menina de 7 anos chamada Valentina.
“Eu estava quase cochilando quando uma menina me cutucou. Ela estava com os pais e me entregou um bilhete”, contou nesta sexta-feira (29) o ex-governador. “A cartinha tinha corações e girassóis ao redor, nos desejava sorte, que precisamos trazer a esperança de volta e que Deus nos proteja.”

Para o ex-governador do Maranhão Flávio Dino, os discursos de Lula e Alckmin foram importantes ao indicar temáticas que são importantes para ampliar o alcance da chapa e da aliança entre o petista e o ex-tucano. “A frente ampla não é só nas letrinhas [das siglas partidárias]. É uma modulação importante do discurso, para dar tangibilidade à crise que vivemos.”

Entre outros mandatários do PSB, a avaliação é semelhante e Alckmin cumpre papel fundamental para atingir segmentos sociais que não costumam votar nos partidos progressistas, como evangélicos, empresários, o agronegócio e profissionais da segurança pública.

Pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) pregou “humildade” à esquerda para conseguir dialogar, por exemplo, com o segmento evangélico.
Fonte: CNN Brasil








Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem