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“Ao longo do tempo vemos estudos mostrando que essa idade está sendo cada vez mais precoce. As gerações das mães e avós tinham o início por volta dos 15 anos. Já as meninas de hoje estão apresentando esses sinais mais cedo, com 11 e 12 anos”, aponta a endocrinologista pediatra Andrea Rivelo.
Segundo a ginecologista obstetra Kheylla Gonzales, do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília, essa mudança fez com que os critérios para o limite de normalidade da puberdade se alterassem. O início puberal baixou para a faixa etária de 8 anos para as meninas.
A puberdade corresponde ao período de modificações fisiológicas e biológicas que marca a transição da infância para a adolescência. No caso das meninas, antes mesmo da primeira menstruação (menarca) – quando há a maturação dos órgãos reprodutores – os pelos pubianos começam a aparecer, os quadris ficam mais largos e a cintura se afina.
Os motivos para as diferenças do início da puberdade entre as mulheres se relacionam com aspectos físicos, psíquicos, sociais e genéticos. A especialista em saúde pública da Universidade da Carolina do Norte, Marcia Herman-Giddens, foi a primeira a observar, ainda nos anos 90, que a idade média da puberdade estava caindo nos Estados Unidos.
As descobertas dela estimularam outras pesquisas sobre as possíveis causas e efeitos desse fenômeno e, atualmente, está estabelecido que a idade de puberdade nas meninas diminuiu em três meses a cada década desde os anos 1970.
Contato com substâncias químicas, hábitos alimentares prejudiciais e sexualização precoce são as causas mais comuns para explicar o fenômeno.
Os chamados disruptores endócrinos (substâncias químicas presentes no ambiente que podem alterar o funcionamento do sistema hormonal) são apontados como os principais estimuladores da puberdade precoce.
“Eles agem no organismo da criança como se fossem estimuladores da puberdade e estão presentes no dia a dia. Plásticos, maquiagens, produtos com materiais pesados, perfumes e shampoos são alguns exemplos”, aponta a endocrinologista Andrea Rivelo.
A ginecologista Karla Amaral, especializada em infância, acrescenta que determinados alimentos, como frangos criados com hormônios, ou alimentação com vários produtos à base de soja também estão relacionados.
Uma alimentação desequilibrada, que leve a obesidade, é outro fator que contribui para a puberdade precoce, uma vez que o ganho de peso favorece a desregulação hormonal.
“Às vezes, a criança que é mais obesa tem uma conversão de estrogênio na parte do tecido adiposo que acontece de forma mais rápida. Tanto é que essas crianças têm mais risco na idade adulta a desenvolver síndrome do ovário policístico e a resistência à insulina. Então sim, a obesidade é um dos fatores que pode contribuir bastante para a puberdade precoce”, afirma Karla.
Meninas que sofrem abuso sexual ou que são expostas a conteúdos sexuais desde cedo também podem chegar precocemente à puberdade. “Quando você expõe uma criança a esse tipo de conteúdo, você vai estimular as vias de neurotransmissores centrais que serão gatilhos para a formação, por exemplo, de hormônios da puberdade”, explica a ginecologista.
Para Andrea Rivelo, o maior problema da puberdade precoce é que a parte psicológica da mulher pode não acompanhar o desenvolvimento do corpo. “Quando a menina se desenvolve cedo e ainda não tem a capacidade de entender o motivo disso estar acontecendo, ela pode ficar exposta a uma maior vulnerabilidade psíquica”, destaca.
Problemas emocionais, como depressão e ansiedade, por exemplo, podem ser desencadeados pela falta de preparo psicológico das jovens para perceber e aceitar as transformações.
Segundo Andrea, outro problema é que a menstruação precoce deixará a mulher mais tempo exposta ao hormônio estrogênio, o que pode favorecer o surgimento de doenças. “Em excesso, esse hormônio pode levar as adolescentes a terem alguns riscos de saúde no futuro, como tumores de endométrio e ovário, doenças cardiovasculares, e até diabetes tipo II”, elenca. As informações são do portal.
Fonte: Bahia Notícias
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