Luiz Inácio Lula da Silva é entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional - Marcos Serra Lima/G1/. |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à presidência da República novamente em 2022, teve que enfrentar perguntas sobre a corrupção que se abateu na Petrobras durante o seu governo e que resultou na Operação Lava Jato. Durante a sabatina no Jornal Nacional, da TV Globo, o petista não negou que houve desvios de dinheiro público na empresa, mas apontou que foi perseguido por procuradores e juízes na apuração.
Na sabatina, Lula também respondeu sobre economia e defendeu a atuação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em 2016 em meio a uma crise econômica. Segundo ele, a petista foi prejudicada pelas ações do parlamento brasileiro, personficado em figuras como Eduardo Cunha e Aécio Neves.
CORRUPÇÃO
“Eu acho importante você ter começado o debate com essa pergunta, porque durante cinco anos eu fui massacrado e hoje eu tenho a oportunidade de dizer que a corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, que colocamos a CGU [Controladoria Geral da União] para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, a Lei contra o Crime Organizado, a Lei contra Lavagem de Dinheiro, a AGU [Advocacia Geral da União] entrou no combate à corrupção, criamos o COAF [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] para cuidar de movimentações financeiras atípicas e colocamos o CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] para combater os cartéis. Ou seja, todas as medidas foram tomadas no meu governo. Além do Ministério Público, que era independente. E a Polícia Federal recebeu no meu governo mais liberdade do que em qualquer outro momento da história. Você está lembrado que em 2005, quando surgiu a questão do mensalão, eu cheguei a dizer o seguinte: só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado nesse país, é não cometer erros. Se cometer erro, será investigado. Se alguém comete erro, apura, julga, condena ou absolve e está resolvido o problema", defendeu Lula, sobre as ações tomadas durante seu primeiro governo contra a corrupção.
"Qual foi o equívoco da Lava Jato? Enveredou por um caminho político complicado. A lava jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política e o objetivo era condenar o Lula. Não sei se você está lembrando do primeiro depoimento que eu fui dar ao Moro. Eu falei: Moro, você está condenado a me condenar, porque você já permitiu que a mentira fosse longe demais. E você sabe o que estou falando e aconteceu exatamente isso. Quando entramos com Habeas Corpus na Suprema Corte, foi antes e bem antes do hacker”, comentou Lula sobre a Lava Jato.
ECONOMIA
"Você não deve lembrar o que meus economistas viram nas eleições de 2002. Duas pessoas do FMI vinham investigar o Brasil. Os economistas diziam que o Brasil estava quebrado. O que nós fizemos? Reduzimos a inflação para metade, reduzimos a dívida pública, nós fizemos uma reserva de 360 bilhões de dólares e empréstimo 15 milhões ao FMI. Tem três palavras básicas para governar o país: estabilidade, previsibilidade e credibilidade. Nunca antes na história desse país houve uma chapa como essa de Lula e Alckmin", afirmou Lula.
"Você não deve lembrar o que meus economistas viram nas eleições de 2002. Duas pessoas do FMI vinham investigar o Brasil. Os economistas diziam que o Brasil estava quebrado. O que nós fizemos? Reduzimos a inflação para metade, reduzimos a dívida pública, nós fizemos uma reserva de 360 bilhões de dólares e empréstimo 15 milhões ao FMI. Tem três palavras básicas para governar o país: estabilidade, previsibilidade e credibilidade. Nunca antes na história desse país houve uma chapa como essa de Lula e Alckmin. A Dilma é uma das pessoas que eu tenho o mais profundo respeito. Ela fez um primeiro mandato extraordinário e ela se endividou para manter as políticas sociais e o pleno emprego", defendeu o ex-presidente.
“Quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela, Eduardo Cunha e Aécio Neves. Cunha trabalhou contra ela o tempo inteiro", criticou o petista.
AGRONEGÓCIO
“Queria que trouxesse o mais reacionário representante [do agronegócio] para ver o que o Bolsonaro fez que chegasse perto do que fizemos. Fizemos uma MP [medida provisória] que fez uma negociação com os produtores rurais de R$ 85 bilhões. Senão, tinham quebrado. Eles contribuem na nossa política de defesa da Amazônia. Isso não faz com que sejam contra nós. Outro dia, fui numa reunião e perguntei que terra que o [Movimento dos Trabalhadores] Sem Terra invadiu. Tinha hora que eu achava que o Sem Terra invadia a terra para o governo pagar indenização aos fazendeiros", disse Lula.
"[Ruim é o ] Agronegócio que é fascista e direitista. Outros querem preservar nossas águas e nossa fauna. O atual presidente tinha um ministro que dizia que era para invadir a Amazônia. Precisamos explorar a Amazônia para tirar produtos e gerar emprego. O MST está fazendo uma coisa extraordinária, que é produzir. O MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. O MST de 30 anos atrás não existe mais. O que queremos é pacificar esse país. O pequeno produtor rural tem que viver pacificamente com o grande produtor. Um produz mais internamente e o outro externamente. É extremamente importante a convivência pacifica”, continuou.
POLÍTICA INTERNACIONAL
“Para um democrata, a gente precisa respeitar a autodeterminação dos povos. Cada país cuida do seu país. Em 2003, criei o grupo de amigos junto com os EUA e a Espanha. Você sabe que eu tenho na minha cabeça que não existe ninguém imprescindível e insubstituível. Se ele se acha insubstituível, aí ele está virando um ditador. Sou favorável à alternância do poder. Tem um de direita, um de esquerda, um de centro, é assim que a sociedade caminha. Se eu ganhar as eleições, você vai ver a enxurrada de amigos que vão voltar a visitar o Brasil", finalizou o ex-presidente.
Fonte: Bahia Notícias
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