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Generais do Estado Maior do Exército alimentaram a esperança de que Bolsonaro abriria mão de divulgar a auditoria militar nas urnas eletrônicas uma vez que ela não descobrira nenhuma irregularidade capaz de sugerir a anulação das eleições.
Como mesmo assim o relatório final da auditoria tornou-se público por exigência de Bolsonaro, logo se apressaram a informar que não tiveram nada a ver com isso. Que foi obra do Ministério da Defesa sob o comando do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Jogo duplo da farda. Por meio de Nogueira, ficam bem com Bolsonaro, a quem prestaram mais um bom serviço. E por meio de recados transmitidos anonimamente, pretendem ficar bem com o presidente que tomará posse em 1º de janeiro.
É a arma da informação e da contrainformação que os militares manejam bem. A esmagadora maioria deles está triste com a derrota de Bolsonaro a quem apoiaram em 2018 e outra vez agora. Mas a vida continua e eles terão de bater continência a Lula.
Pouco mais de 100 caminhões de vários estados eram esperados, ontem, em Brasília para juntarem-se aos 70 e às centenas de outros veículos que mantêm acesa a chama do golpismo desde o último dia 31. É possível que tenham chegado tarde.
O relatório com as conclusões da auditoria decepcionou os bolsonaristas que o viam como a senha para a escalada do golpe. Seria o sinal que esperavam debaixo de sol e de chuva nos últimos 10 dias de que as Forças Armadas estariam ao seu lado.
Nogueira e seus técnicos até que se esforçaram em redigir um relatório que deixasse tal impressão, mas o máximo que conseguiram produzir foi o trecho que diz:
“Do trabalho realizado, destaco dois pontos. Foi observado que a ocorrência de acesso à rede, durante a compilação do código-fonte e consequente geração dos programas (códigos binários), pode configurar relevante risco à segurança do processo.”
“Dos testes realizados por meio do Teste de Integridade e do Projeto-Piloto com Biometria, não é possível afirmar que o sistema de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”.
Os bolsonaristas foram educados por seu líder máximo a atender comandos dados em linguagem, curta, direta e impositiva: “Não sou coveiro”; “Morram os que tiverem de morrer”; “Lula é ladrão”; “O comunismo ameaça o Brasil”; “Deus, Pátria e Família”.
Ou houve fraude nas eleições ou não houve. O relatório não sustenta a certeza que eles tinham ou ainda têm de que houve fraude. “Pode configurar relevante risco à segurança do processo” está longe de significar que a fraude ocorreu.
“Pode configurar relevante risco à segurança do processo” a falta disso ou daquilo não quer dizer que a eleição foi roubada. São observações que o Tribunal Superior Eleitoral poderá ou não levar em conta no constante aperfeiçoamento do processo de votação.
O tribunal pisou feio na bola quando convidou os militares a dar palpites em assuntos que não lhes compete. Tomara que tenha aprendido a lição.
Fonte: Metrópoles
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