Morre o professor Hélio Rocha, um dos fundadores do Colégio Integral


O professor Hélio Rocha, um dos fundadores do Colégio Integral, morreu na tarde desta quarta-feira (21), aos 99 anos, em Salvador. O professor estava em homecare na casa em que vivia no Caminho das Árvores. Hélio deixou cinco filhos, sendo três biológicos e dois adotivos.

O mais velho, Paulo Rocha, conversou com a reportagem sobre o falecimento do pai. "Ele já tinha 99 anos, uma idade muito avançada e um pequeno problema renal, que foi aumentando e não podia fazer hemodiálise e acabou comprometendo os órgãos. Porém, foi causa natural. Ele faleceu em casa, em paz, confortável e sem dor nenhuma’, relata.

Ao ser perguntado sobre como a família está com a partida de Hélio, Paulo preferiu falar das lembranças que ele deixou. "Temos muitas memórias de meu pai, tristeza pela separação e saudades dos momentos por ele ser uma pessoa espirituosa, criativa e simpática. Essa parte do Hélio Rocha, que não é professor, mas sim pai e que era muito legal”, completa ele.

O Colégio Integral divulgou nota lamentando a perda. "Em seus mais de 70 anos de magistério, ele nos trouxe imensuráveis aprendizados com sua sabedoria", diz o texto, que lembra uma citação do professor em que falava da capacidade da educação em "operar milagres".

Hélio Rocha morreu nesta quarta em Salvador — Foto: Divulgação


O presidente do Conselho Rede Bahia, Antônio Carlos Junior, foi aluno do professor Hélio Rocha, de quem era admirador. "Minha tristeza é imensa ao receber esta notícia. O professor Hélio Rocha foi uma das figuras mais importantes na minha formação pessoal e profissional. Minha admiração por ele é muito grande. Um grande mestre, sem dúvida. Gostaria de abraçar todos vocês da família e dizer que nós todos perdemos uma grande figura nos campos intelectual e educacional. Estou profundamente sentido. Deus o tenha em sua eterna glória", lamentou.

Soteropolitano, Hélio teve uma vida dedicada à educação. Ele cursou escolas primárias na capital baiana, passando no Ginásio da Bahia em 1936. Ao mesmo tempo que fazia o ensino ginasial, à epoca com duração de cinco anos, ele dava aulas particulares para estudantes que se preparavam para o exame de admissão da institução.

Em 1941, se mudou para o Rio de Janeiro, onde fez o curso clássico no famoso Colégio Dom Pedro II. Ele cursou a Faculdade Nacional de Filosofia, estudando Ciências Sociais.

Já formado, ele voltou à Bahia em 1956, convivendo com o professor Milton Santos por dois anos. Em 1960, casou com Antônia Lúcia Souza Rocha, já falecida, com a qual teve cinco filhos, dois deles adotivos: Paulo Sérgio, Luis Fernando e Patrícia Rocha e José Marcos e André da Silva.

Entre 1959 e 1961 foi editor da Revista Afirmação, que tinha entre colaboradores figuras de destaque na cultura baiana, como poeta e compositor José Carlos Capinam, Caetano Veloso, Maria Bethânia, o escritor Ildásio Tavares, entre outros nomes influentes da época.

Em 1968, recebeu convite para lecionar na Universidade de Brasília (UnB), quando também foi chamado para fazer parte do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), funcionando no próprio Ministério de Educação. Nessa época, conviveu com intelectuais da época, como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o historiador Afonso de Taunay.

Ainda em 1968, com o fechamento da UnB pelos militares, retornou à Bahia e começou a ensinar em vários cursos pré-vestibulares de Salvador, nas disciplinas de Sociologia, História, Geografia, Português e Redação, além de lecionar na Universidade Federal da Bahia, na Universidade Católica de Salvador, na Faculdade de Sociologia e na Faculdade de Economia da Bahia.

Em 1974, fundou o curso e colégio Nobel. Em 1985, fundou a Sociedade Integral de Ensino, composta pelo Curso e Colégio Integral, juntamente com seus familiares.O corpo de Hélio Rocha será sepultado amanhã no Cemitério Jardim da Saudade, às 16h. O velório terá início às 10h.

Fonte: Correio

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