Recém-nascido morre após ter pulmão perfurado durante cirurgia no HEC, diz família

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Um bebê recém-nascido morreu no Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana, após ter o pulmão perfurado durante uma cirurgia. A informação é do pai da criança, o pedreiro Rubens Machado de Santana. Ele disse, em entrevista ao Acorda Cidade, que a filha nasceu no Hospital da Mulher e foi encaminhada ao HEC após apresentar uma anomalia na região anal.

O relato desolado do pai deixou claro que, na avaliação dele, a filha não estaria morta se não fosse o erro cometido durante a cirurgia.

“Eu gostaria de explicar o caso que aconteceu com minha filha: minha mulher teve bebês gêmeos no Hospital da Mulher, em Feira de Santana. No parto os médicos identificaram que a menina nasceu com uma anomalia anorretal, chamada ânus imperfurado, na qual precisaria de uma cirurgia. Ela foi regulada para o Hospital Estadual da Criança (HEC), onde aconteceria o procedimento chamado de colostomia, para colocar uma bolsa na barriga da criança. A gente aguardou até o momento da cirurgia e assinei um termo de responsabilidade”, explicou o pai da criança, Rubens Machado.

A cirurgia foi iniciada às 14h30, conforme o pai.

“Eu e minha tia presenciamos o médico explicando como seria o procedimento, que durou três horas, terminando às 17h30. Quando o médico saiu da cirurgia, ele explicou para a gente que teve uma complicação, na qual eles perfuraram o pulmão da minha filha recém-nascida. E por conta dessa perfuração eles tiveram que emtubá-la para receber oxigênio por conta do pulmão e também tiveram que colocar um dreno no pulmão dela. Depois dessa cirurgia, minha filha saiu claramente muito abatida, passou nove dias internada no mesmo hospital e veio a óbito no domingo (4). Ela morreu pela perfuração do pulmão dela, e não pela anomalia que nasceu”, lamentou.

Liberação do corpo

Durante a entrevista, por volta do meio-dia, o pai disse que estava tentando a liberação do corpo, desde as 8h, e ainda não tinha conseguido.

“O pessoal da funerária retirou o corpo da criança do necrotério do hospital e colocou no caixão. E a criança está desde 8h dentro do carro,” contou.

A tia Renata Silva Machado disse ao Acorda Cidade que eles estavam dependendo de um documento.

“Já trouxemos o documento e fica um empurra empurra dizendo que tem que retificar o documento. E agora a criança está dentro do carro, em tempo de entrar em decomposição, e a mãe não poder ver para se despedir. E eles estão dificultando. Só queremos a criança para enterrar. Eles falaram que tem que corrigir o nome da criança, uma coisa tão simples. A criança está como RN de Luane Araújo, a mãe, e só precisa colocar o nome, porque a criança já foi registrada”, informou a tia.

Os familiares da recém-nascida contaram ao Acorda Cidade que o procedimento de alteração de nome ainda não tinha sido feito, porque eles foram informados que a médica estava em outro procedimento.

“Eles falaram que a médica estava em um procedimento com outro paciente, porém estamos esperando há um tempo e nada foi feito,” disse.

A tia ressaltou que a criança viveu apenas dez dias e que além da dor da perda, ainda passaram por esse constrangimento.

“A gente não pode aguardar fechar o cartório para deixar para amanhã e sofrer mais essa dor. Dói muito saber que a criança está ali, no fundo do carro, dentro do caixão”, concluiu.

Procurado pela produção do Acorda Cidade para esclarecer sobre o caso, o Hospital Estadual da Criança (HEC) enviou uma nota oficial, informando sobre mudanças na liberação de certidões de óbito e ressaltando as boas práticas e a segurança na atenção às crianças e gestantes da Bahia.

Veja na íntegra:

O Hospital Estadual da Criança (HEC) explica que uma mudança recente no procedimento para liberação da certidão de óbito via cartório resultou na ocorrência. No entanto, a situação já foi regularizada. O hospital empreendeu todos os esforços para que a liberação ocorresse o mais rápido possível e frisa, ainda, que o cartório e seus procedimentos são instâncias independentes, que não fazem parte da unidade hospitalar.

Referência em gestação de alto risco e em média e alta complexidade em pediatria, o HEC preza por atendimento de qualidade. Para prestar assistência humanizada, garantindo boas práticas e a segurança na atenção às crianças e gestantes da Bahia, o hospital conta com mais de 20 especialidades pediátricas e uma equipe multidisciplinar capacitada.

Fonte: Acorda Cidade

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