Bolsonaro desembarca para o acerto de contas com a Justiça

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Uma vez que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) diz e repete que Bolsonaro não tem cara de ladrão nem atitude de ladrão, Bolsonaro poderá pensar que basta devolver as joias que surrupiou ao Estado brasileiro para escapar a qualquer condenação.

Vai ter que dar explicações à Polícia Federal. E poderá ser processado por tentativa de desvio de patrimônio público. Não fosse assim, os golpistas do 8 de janeiro alegariam que não devem ser processados simplesmente porque o golpe fracassou.

Antes de embarcar, ontem à noite, de volta ao Brasil, Bolsonaro deu um show de desfaçatez ao falar sobre a descoberta de um terceiro pacote de joias, presente da ditadura da Arábia Saudita:

“Está à disposição. No máximo depois de amanhã a gente entrega, sem problema. O TCU diz que esse material eu nem poderia usar. Sem problema nenhum. Pra que vou usar um relógio de mais de R$ 200 mil? Eu jamais usaria”.

Bolsonaro também comentou sobre os outros dois estojos de joias milionárias que aqui aportaram durante seu governo:

“A gente tentou recuperar por ofício, ninguém tentou recuperar na mão grande. Era tudo pro acervo do presidente da República”.

Se eram para o acervo, por que não foram declarados à Receita Federal? O estojo com joias para Michelle foi apreendido e, em momento algum, antes ou depois da apreensão, a Receita foi informada que as joias iriam para o acervo da presidência.

O estojo com joias para Bolsonaro entrou ilegalmente no Brasil, e a Receita, em momento algum, soube que as joias iriam para o acervo. Se iriam, por que Bolsonaro, que recebeu as dele, levou-as consigo quando abandonou a contragosto o Palácio da Alvorada?

Se ele, como diz agora, jamais usaria um relógio de mais de R$ 200 mil, por que ficou com o relógio? Por que seria uma lembrança? Por que, num aperto, poderia vendê-lo e fazer dinheiro? Ora, mas o relógio não iria para o acervo?

A sorte de Bolsonaro é que ele não precisará responder a essas e outras perguntas face a face com agentes especialistas em interrogatório. Advogados experientes responderão no seu lugar, e por escrito. Isso já acontecerá na próxima semana.

Contente-se, Bolsonaro, se não for surpreendido até lá por um mandado de prisão. Conforme-se em sair do aeroporto por uma porta lateral. Não haverá, ao que tudo indica, a recepção festiva com a qual você tanto sonhou. Nem desfile em carro aberto.

Prepare-se para o acerto de contas com a Justiça.

Fonte: Metrópoles

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