Portal A TARDE conversou com Adelmário Coelho, Targino Gondim e Sabrina Sasha - Foto: Divulgação e Redes Sociais | Editoria de arte A TARDE |
Um dos gêneros musicais mais amados do Brasil, sobretudo na Bahia, o forró foi reconhecido como Manifestação da Cultura Nacional. O projeto de lei, de autoria do deputado federal Zé Neto (PT-BA), foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, 7.
A novidade foi comemorada por artistas baianos e que atuam na Bahia, para levar o ritmo a todo o país. Ao Portal A TARDE, o forrozeiro Adelmário Coelho, um dos maiores nomes do estado, disse que a decisão representa um momento de celebração para todos “os militantes, defensores e pessoas que amam o forró”.
“É um passo importante, já que o forró é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo super gênero, que é, pela grandeza que tem. Quando ele é reconhecido como um super gênero é porque realmente tem uma robustez muito grande”, afirmou ele, citando uma decisão anterior do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de 2021.
Nascido no Nordeste, o forró existe há cerca de sete décadas e é um derivado de ritmos como baião, xaxado, coco, arrastapé e xote. O desejo de Adelmário, conhecido por trazer em seus trabalhos músicas com preocupações sociais, a exemplo de “Não fale mal do meu país”, é que a sanção do projeto faça o forró conquistar cada vez mais o Brasil, para fora das regiões que já o consagram.
“Eu espero que cada dia mais ele seja reconhecido em todos os cantos do nosso país, não somente no Nordeste, parte do Sudeste, e tal, mas em todos os eventos nacionais, e que gere oportunidades para as pessoas que, em verdade, primeiramente, defendem essa cultura”.
Nascido em Pernambuco, mudando-se para a Bahia aos quatro anos de idade, o cantor e compositor Targino Gondim acredita que o ritmo, que já é muito reconhecido pelas pessoas, vai ganhar ainda mais visibilidade agora, com o projeto de lei. Para o músico, isso pode trazer mais oportunidades para a realização de mais projetos individuais e coletivos.
"Eu espero que isso ajude. Não dando mais poder, porque tanto o forró, como o samba, são as matrizes da nossa música genuína brasileira, mas que a gente acabe tendo um respaldo maior e melhor".
Autor da música "Esperando na Janela", que lhe rendeu um Grammy, em 2001, Targino se identifica como um seguidor de Luiz Gonzaga, trazendo, em seu trabalho, influências do pernambucano e de outros grandes mestres do forró. O cantor reconhece que seu trabalho também pode influenciar outros forrozeiros mais jovens e pede que essas próximas gerações tenham maior acesso à educação e a cultura.
"A gente só precisa que a educação no Brasil seja maior do que tudo, para que aí sim, a gente comece a colher os frutos de tudo isso em nosso país. Viva o forró, viva Luiz Gonzaga”, celebrou.
No rol de forrozeiros contemporâneos, está Franklin Xavier, que dá vida à Sabrina Sasha, primeira drag queen a compor uma banda de forró. Ela, que toca triângulo na banda Tio Barnabé, diz que o reconhecimento do forró como manifestação da cultura nacional é um marco para o gênero musical.
"É uma maneira de validar mais nossa cultura, nossa arte, todos nós ficamos muito felizes quando se fala de forró, é muito bonito ver que estamos sendo reconhecidos em mais uma instância, eu fico muito feliz".
Sabrina ressaltou ainda a evolução social do próprio forró que, hoje, conta com bandas inclusivas como a Tio Barnabé, trazendo oportunidades para todos os públicos. Segundo ela, este novo patamar do gênero musical fortalece a identidade do forró e possibilita a inclusão do ritmo nas políticas públicas de cultura.
"Eu me sinto muito honrado, no caso honrada, enquanto drag, em participar de uma banda de forró que sempre foi minha raiz da música. Eu cresci ouvindo grandes nomes, como Limão com Mel, Elba Ramalho e Calcinha Preta, e hoje a gente tem mais esse marco. Acredito que esse reconhecimento já pode também agregar mais e trazer mais incentivo da cultura com o forró".
Fonte: A Tarde
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