'Perna Bamba' tem segunda onda e afeta quem não esteve na folia

Virose pós-Carnaval ficou conhecida como 'Perna Bamba' e 'Macetando' Crédito: Shutterstock/reprodução


Até mesmo as pessoas que não pisaram na avenida durante o Carnaval foram contaminadas pela virose pós-folia, conhecida por muitos como ‘Perna Bamba’, em referência à canção de Tony Salles e Léo Santana, ou como a ‘Macetando’, de Ivete Sangalo e Ludmilla, ambas hits do Carnaval de Salvador.

A advogada Ana Luiza Cohen, 27 anos, não curte a folia desde 2016. Caseira e amiga de adeptos às programações mais reservadas, a soteropolitana foge das multidões que lotam os tradicionais circuitos da capital baiana. “Tenho um pouco de agonia com a quantidade de gente, me sinto muito enclausurada e claustrofóbica. Acho tudo extremamente desconfortável, sempre fico com muita vontade de fazer xixi durante o caminho todo”, afirma.

Apesar de ter fugido da folia momesca, Ana Luiza não conseguiu despistar a virose que fez parte da realidade de muitos foliões soteropolitanos. Os sinais apareceram dois dias após o encerramento da festa, na manhã da sexta-feira (16). “Comecei a sentir aquela sensação de arrepio que dá no corpo quando vamos ficar doentes, além de uma tosse insistente. Não fui ao médico, decidi começar a tomar medicamentos para tratar os sintomas”, afirma. Mais tarde, os sintomas viraram coriza, febre, corpo mole e tosse contínua.

A virose prejudicou a programação de um final de semana ao lado dos amigos e da família. O sábado e o domingo de Ana Luiza foram em casa, de cama. “ A virose mudou mesmo alguns momentos de lazer que eu teria, como aniversário de uma amiga, no sábado, e um evento de família no domingo”, conta.

Poucos dias antes dos sintomas aparecerem, o namorado de Ana Luiza Cohen também foi contaminado pela virose. A advogada acredita que uma sequência de dias cansativos no trabalho associada ao contato direto com amigos que pularam o Carnaval explicam a contaminação da dupla, que não foi à festa.

O técnico em refrigeração e climatização Igor Vieira, 23, também está na lista de contaminados que não foram ao Carnaval. As dores no corpo e a coriza apareceram no último dia oficial da festa, na terça-feira (13). “Fiquei todos os dias de repouso e, nos dias 15 e 16, quando retornaria ao trabalho, não tive condições”, diz, ressaltando que chegou a fazer o teste de Covid-19 na última quinta-feira (15) e recebeu um resultado negativo.

De acordo com o médico infectologista e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) Robson Reis, as viroses pós-Carnaval, geralmente, são respiratórias, ou seja, casos em que predominam os sintomas do aparelho respiratório, como tosse, coriza, congestão nasal e dor de garganta.

Diversos fatores são responsáveis por facilitar a transmissão desse tipo de virose durante o Carnaval, desde a queda de imunidade ao maior índice de compartilhamento de objetos. “A pessoa ao falar, tossir, espirrar, acaba transmitindo o vírus para outros, de forma direta ou indiretamente”, explica o especialista. Além disso, muitos foliões não chegam fisicamente preparados para uma rotina intensa de Carnaval, como também não se alimentam bem durante a folia.

Boa parte das viroses, sejam elas gastrointestinais ou respiratórias, são tratadas com hidratação, repouso e medicações sintomáticas. No entanto, existem tratamentos específicos para alguns desses quadros, como é o caso da gripe, que pode ser medicado por um profissional de saúde com Tamiflu. O paciente com Covid, por exemplo, também pode ser medicado com os antivirais ou outras medicações.

A reportagem solicitou à Secretaria Municipal de Sáude (SMS) o número dos pacientes atendidos com quadros gripais nas unidades de emergência de Salvador. No entanto, o órgão afirmou que os números precisam ser levantados em um período de, pelo menos, 48h.

Durante a entrega de um complexo escolar no bairro de Luiz Anselmo, nesta terça-feira (20), a secretária da pasta e vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos afirmou que a SMS tem acompanhado os casos de viroses pós-Carnaval. "Estamos acompanhando, tanto que não desmobilizamos o módulo da Ladeira da Montanha. A equipe está de sobreaviso para, talvez, transformar o espaço num centro de testagem e apoio da dengue, caso seja necessário", disse.

Fonte: Correio

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