Já líder na produção de energia eólica no Brasil, a Bahia acaba de receber mais uma grande usina, com a conclusão das obras do Complexo Eólico Novo Horizonte, da Pan American Energy (PAE).
Ao todo, são 94 aerogeradores distribuídos em 10 parques, todos com licença operacional para funcionar. A capacidade instalada do complexo é de 423 MW, energia suficiente para abastecer cerca de 1 milhão de residências brasileiras, números que colocam Novo Horizonte entre as usinas eólicas mais importantes do País.
Segundo a empresa, a montagem dos parques foi realizada em menos de sete meses e, durante a construção, o canteiro chegou a reunir 2,6 mil profissionais, a maioria de mão-de-obra local. Sete dos dez parques já estão em operação comercial. Espera-se que a totalidade do complexo esteja operando até meados deste ano.
O empreendimento é o primeiro da empresa global PAE no Brasil. Ele envolveu R$ 3 bilhões em investimentos, sendo R$ 1,2 bilhão obtidos por meio de empréstimos do BNDES e do Banco do Nordeste e R$ 1,8 bilhão de recursos próprios. Instalado em uma área de 2,7 mil hectares, o complexo abrange seis municípios na região central da Bahia: Novo Horizonte, Ibitiara, Boninal, Piatã, Brotas de Macaúbas e Oliveira dos Brejinhos.
De acordo com o diretor-geral da PAE no Brasil, Alejandro Catalano, a companhia tem contratos de venda da energia a produzir nos primeiros cinco anos de projeto, por meio do mercado livre.
Catalano também salienta que, usando a expertise de atuação de mais de 70 anos no setor energético em países como Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai e México, a PAE já planeja os próximos passos para ser um dos principais players na transição energética no Brasil.
Diversificação
De acordo com ele, o processo abrangerá novos investimentos em diferentes modais, em capacitação e em desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias. Além disso, a empresa está com estudos avançados para identificar novos projetos que viabilizem a diversificação de fontes de energia limpa.
“Avançamos bastante nos planos de incorporar também energia solar ao Complexo Eólico Novo Horizonte, transformando-o em um parque híbrido, o que aumentaria a capacidade instalada para 1 GW”, afirma o executivo.
No início de 2024, a PAE também concluiu uma importante etapa para o escoamento da energia gerada pelo complexo, com a energização do sistema de transmissão do empreendimento. As obras para a construção duraram 20 meses, tempo desafiador, segundo Catalano, diante da grandiosidade do projeto.
O sistema de transmissão compreende uma subestação coletora própria, chamada Novo Horizonte, com 79 quilômetros de linhas de transmissão (500 kV), além da ampliação de uma subestação já existente, que conecta o complexo ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Agenda ESG
De acordo com o executivo, a PAE também vem desenvolvendo uma série de ações e programas socioambientais nos municípios onde atua na Bahia. “A PAE tem planos de longo prazo para o Brasil e busca ser protagonista da transição energética do País, motivos pelos quais buscamos também contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde vivemos por meio de programas socioambientais”, explica Catalano.
No Complexo Eólico Novo Horizonte e nas áreas de influência, foram desenvolvidos cerca de 30 programas socioambientais, segundo a empresa. As iniciativas abrangem de gerenciamento de resíduos sólidos a monitoramento de flora e fauna, passando pela revegetação no entorno, com reflorestamento de 32 mil mudas de plantas nativas, e por programas de capacitação e valorização da mão-de-obra local.
“Além dos programas ambientais em andamento, o complexo eólico evita a emissão de milhares de toneladas de carbono, que deixam de ser emitidos graças a geração de energia limpa e renovável”, lembra Catalano. “Estamos avançando também na creditação de carbono, reforçando nosso compromisso com o bem-estar global e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.”
Mão de obra local valorizada
A geração de emprego e renda para os profissionais dos municípios abrangidos pelo Complexo Eólico Novo Horizonte na Bahia é um dos pilares da atuação da Pan American Energy (PAE), segundo o diretor-geral da empresa no Brasil, Alejandro Catalano.
Ele destaca algumas ações realizadas, como as parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e com as prefeituras e o programa PAE Capacita, pelo qual a própria empresa promove cursos técnicos.
Divididos em aulas teóricas e práticas, os cursos de qualificação profissional foram definidos a partir de demandas apontadas pelas comunidades. A partir desse mapeamento, a iniciativa já formou profissionais como eletricistas de automóveis, mecânicos de manutenção de motocicletas, auxiliares administrativos e agentes de gestão de resíduos sólidos.
Negócios
“Em sete meses, o PAE Capacita soma mais de 220 profissionais qualificados para expandir suas oportunidades de trabalho ou abrir seus próprios negócios”, afirma Catalano.
Moradora de Piatã, Jusine Maria de Macedo relata como os cursos têm ajudado a comunidade da zona rural. “Muitas vezes não temos condições de pagar por um curso e, para a gente, é muito difícil nos deslocarmos para a cidade”, conta. “Este curso é gratuito. Ajuda muitas famílias que precisam trabalhar e ter uma renda.”
Juliano Alípio de Oliveira, morador de Piatã, destaca que trabalhou por mais de um ano nas obras do Complexo de Novo Horizonte. “Fui promovido a líder de equipe e ganhei bastante experiência”, afirma. “Entrei no curso de auxiliar eletricista para aerogeradores por indicação de um amigo e, agora, sinto que tenho muito conhecimento na área elétrica.”
Fonte: A Tarde
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