Com benção de Nara Costa, Symone Morena se torna destaque feminino na nova geração do arrocha: "Minha ficha não caiu"


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O jeitinho que Nara (Costa) gosta, ou melhor, gostava, conquistou admiradores do arrocha em toda Bahia. A voz potente de Nira Guerreira, que ficou conhecida como a 'Rainha do Arrocha' (1962-2018), firmou o gênero feminino em um ritmo que era predominantemente masculino.

Mas depois da passagem desses dois furacões da música, com quem ficou a incumbência de fazer do arrocha um ritmo que também é feminino e não só na dança, mas, também, na voz? A referência é sempre ele, seja Pablo, Silvanno Salles, Tayrone, Thiago Aquino, Unha Pintada, Heitor Costa, Nadson O Ferinha e outros. Ou melhor, a referência ERA.

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Com a "benção" de Nara Costa, que atualmente não canta mais a 'música secular', o arrocha tem uma nova representante de peso para chamar de sua: Symone Morena. Foi através da música 'Na Maldade', uma versão de Careless Whisper, de George Michael, que a artista voltou a ver o nome explodir nas redes sociais.

Natural de Itabaiana, em Sergipe, a artista se tornou um fenômeno nas redes sociais e a voz favorita dos caminhoneiros nas estradas. E não é para menos: nascida na capital brasileira dos caminhões, se a voz ecoando não fosse a de uma filha da terra, algo estaria estranho.


"Eu nasci lá e fui registrada, mas bem novinha minha mãe se mudou para Nossa Senhora do Socorro, e lá eu vivi durante 30 anos. Depois me mudei para Aracaju, onde cantava em barzinhos e quando passei a investir mais na carreira eu vim para Salvador", conta a artista.

O sonho da música sempre esteve presente na vida de Morena, que aos 3 anos deu os primeiros passos já cantando. Em entrevista ao Bahia Notícias, a artista, que é filha de músicos, contou que teve em casa o incentivo e a inspiração para se jogar de cabeça na área.

"Meus pais foram as minhas inspirações, minha irmã também. Ela sempre me levava para a igreja porque ela percebeu que eu tinha o dom. Comecei a cantar no coral e com 13 anos entrei na minha primeira banda profissional. Aos 17, eu estava cantando em banda de forró, fui vocalista do Raio da Silibrina e passei por outras bandas também, como Banda Dose Dupla, Esquema 3, Forró Biss e Pássaro de Fogo, até decidir seguir carreira solo."

O arrocha passou a fazer parte da vida de Symone entre 2016 e 2017. Segundo a artista, foi vendo a paixão dos amigos de palco, entre eles Heitor Costa, Natanzinho Lima, dois grandes nomes do gênero, que começou a despertar o interesse.

"Em Sergipe o arrocha é muito forte, eu me joguei no ritmo sem muita experiência, porque eu realmente não sabia como era. Mas passei a estudar, pesquisar tudo direitinho. Sempre fui muito fã de alguns artistas do ritmo, como Unha, e virei amiga dos meninos de lá através da nossa experiência de barzinho. Quando eu comecei a cantar solo, eu pude dar minha própria cara ao que eu cantava e gostei disso."

O primeiro grande sucesso de Symone foi uma regravação da xará da artista, Simone Mendes. Foi com 'Dois Fugitivos' que a sergipana furou a bolha e conquistou admiradores na internet e nos paredões.

"A minha ficha não caiu. Lembro que eu estava na estrada, quando um amigo meu falou 'Veja o que está acontecendo no TikTok', e tinha vários vídeos de caminhoneiros com 'Dois Fugitivos' de fundo. Só dava essa música, e ele falou: 'Minha filha, você viralizou'. Porque hoje é assim, né? O sucesso acontece desse jeito."

Para entrar de cabeça na música, Symone conta que foi beber da fonte e buscou os primórdios do arrocha. Foi em Salvador que a artista tomou conhecimento da importância de Nira Guerreira, e a cantora revelou ao BN que buscou conselhos e a autorização de Nara Costa para gravar um dos grandes sucessos da artista em seu novo álbum.

"Eu sou muito fã de Nara, já conhecia o trabalho dela. A gente até trocou um papo pelas redes sociais, porque eu gravei uma música dela recente, 'Nasci Pra te Amar', pedi para ela olhar e me dizer se tinha gostado, e ela gostou muito. Ela me deu muitos conselhos, falou para eu seguir meu caminho, que eu tenho o dom. A gente está tentando marcar para se encontrar e tomar um café", contou Symone.


A artista também faz questão de compor músicas. Segundo Symone, é importante mostrar que o arrocha não sobrevive apenas de regravações: "Eu sempre bato nessa tecla de que a gente tem que gravar nossas próprias canções e não apenas regravar. Somos inteligentes e capazes. Eu mesma monto a minha setlist, eu que escrevi 'Na Maldade' com um amigo meu, e inspirada em história real. Gosto de incentivar esse lado de quem está comigo".

Representante feminina no arrocha, Symone fala sobre o desafio que é estar no meio e lutar por destaque. "Eu me sinto honrada, mas a gente sabe que precisa de muito mais para conseguir ter o destaque que um homem tem. Eu estava conversando com Tays Reis, que a gente tem sempre que estar provando que é boa no que faz, mesmo que o nosso trabalho já diga isso. Muitas amigas já pensaram em desistir pelas dificuldades, mas a gente segue aqui, batalhando", desabafou.

Além da briga por espaço nos palcos, não só Symone, como outras cantoras de diversos outros ritmos precisam se proteger por ser mulher na sociedade. "A questão do assédio é real e preocupante. É chato e constrangedor, e isso acontece muito. Mas, unidas, conseguimos vencer".

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Com esse propósito, Morena levará para o palco montado no Bar Botecaria, na Pituba, em Salvador, no dia 5 de novembro, só nomes femininos do gênero. O 'Bar da Morena, 1° audiovisual da carreira da artista, contará com as participações de Raphaela Santos, Priscila Senna, Klessinha e Tays Reis, para mostrar a força e a potência das mulheres.

"Pensei nesse projeto justamente por causa disso, para mostrar que a gente também pode fazer o sucesso que os meninos fazem, que temos qualidade e mesmo com as dificuldades, conseguimos atingir o sucesso. Foram muitas portas fechadas até chegar aqui."

Com sonhos a serem realizados, entre eles o de gravar um dueto com Simone Mendes, Symone Morena afirma que atingir o mundo com a própria música é um dos seus focos para os próximos anos, além de dar uma casa para a mãe. "Eu quero levar meu trabalho para o mundo. Acho que se Deus me deu esse dom, não foi para ficar apenas aqui. Sonho com uma carreira internacional, quero que meu trabalho seja conhecido lá fora."

Fonte: Bahia Noticias

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