Senhor Afonso mesmo com seus 81 anos faz o grande esforço para alimentar os bichos | Foto: Raimundo Mascarenhas |
A longa estiagem tem causado grande sofrimento e prejuízos ao homem do campo, que precisa encontrar alternativas para que os animais não morram de fome.
O registro feito pelo Calila Notícias na última quinta-feira, 19, do árduo trabalho do idoso Afonso Lopes Guimarães, 81 anos, na fazenda Jenipapo, as margens da estrada que liga o distrito Aroeira – Conceição do Coité ao município de Ichu, retrata uma realidade de milhares de produtores do sertão da Bahia.
O campo completamente seco, o verde da resistente palma atrai a criação que vai atrás do idoso | Foto: Raimundo Mascarenhas |
Nossa reportagem perguntou há quanto tempo vem nessa incansável labuta e ele respondeu que desde o inverno [entre junho e setembro], que segundo ele ‘foi fraco de chuva’ e contribuiu para a seca chegar mais cedo.
“Trabalho de domingo a domingo, eu tenho uma filha que me ajuda, mulher daquelas poucas que tem aqui na região. Ela é formada, não liga pra formatura, vem pra a roça e faz até parto de vaca, enche o reboque de mandacaru, ela é muito disposta”, falou com orgulho o senhor Afonso e lembrou também de Jhony, outro filho que cuida de outra propriedade na Lagoa Ferrada.
Essa palma será triturada e colocada em cochos para melhor aproveitamento | Foto: Raimundo Mascarenhas |
Seu Afonso disse que até o momento não perdeu nenhum animal, mas sabe que é devido a essa sua grande missão de alimentar os bichos todos os dias, mas, por outro lado, contabiliza nos últimos 3 anos, perdas de 50 cabeças de criação, sendo 25 para ladrões e outras 25 por ataque de cães, mas segundo ele criou uma estratégia e não perdeu mais nenhum animal.
Diz ter uma quantidade de palma relativamente boa, 7 tarefas, mas segundo ele já foi bem maior em 2011, quando teve outra seca muito longa e ele precisou tirar toda e foi feito um novo plantio que está servindo para alimentar os rebanhos neste momento de seca.
Foto: Raimundo Mascarenhas |
O idoso comentou o motivo da seca e disse que sempre existiu no Nordeste, mas está cada vez pior devido à devastação e à poluição. “Seca sempre teve, mas tinham algumas coisas que avisavam quando a chuva estava para vir. “O mandacaru florava, o sampo cantava, a gente via as formigas de asas e a chuva era certa, hoje, a gente vê tudo isso, só que a chuva não vem”, lamenta o agricultor.
Campo de sisal completamente murcho
Foto: Raimundo Mascarenhas |
O sisal sempre foi o principal produto que movimentou a economia de Coité e dezenas de cidades da região por várias décadas. Com o passar do tempo, houve uma redução significativa de produtores por motivos diversos, mas os que ainda permanecem cultivando veem com tristeza a situação em que se encontram as lavouras.
A reportagem do CN registrou um campo de sisal às margens da rodovia BA 120, trecho Coité – Retirolândia com as folhas praticamente todas caídas pela falta de chuvas.
Numa visão panorâmica dá pra ser ter uma ideia do sofrimento dos produtores, o calor é tão forte na região que já compromete completamente a fauna e a flora.
Foto tirada do Ponto da Pinha- Retirolândia sentido Coité | Foto: Raimundo Mascarenhas |
Fonte: Calila Noticias
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